Cavala preta "explorada" em Cabo Verde precisa de plano para recuperar
A cavala preta tem um potencial de captura de 2.700 toneladas por ano em Cabo Verde, mas é "explorada ao limite" e é preciso um plano para recuperar o 'stock', alerta um relatório internacional consultado hoje pela Lusa.
© Lusa
Mundo Cabo Verde
O primeiro relatório da Iniciativa de Transparência das Pescas (FiTI), a que Cabo Verde aderiu em 2023, concluiu que a espécie com maior potencial de captura no país são os tunídeos, com 25.000 toneladas por ano.
Está em perspetiva nova avaliação do potencial das espécies consideradas residentes, que não têm grandes restrições, salvo as quotas estabelecidas, mas que não são ultrapassadas, lê-se no documento, que aleta contudo para a situação da cavala preta.
As 2.700 toneladas/ano da cavala preta são "exploradas ao limite", e recomenda-se um plano de recuperação do 'stock' deste que é dos peixes mais consumidos no arquipélago, escrevem os responsáveis pelo estudo.
O relatório avalia a existência de outras espécies e indica, por exemplo, que o chicharro, com um potencial de captura de 1.000 toneladas por ano, é uma espécie "explorada intensamente" e que "não se aconselha um aumento do esforço nesta pescaria.
A garoupa, outro peixe muito consumido em Cabo Verde, está "sobre explorado", pelo que o estudo recomenda a "implementação urgente de um tamanho mínimo de captura", o sargo de areia está "intensamente explorado", e quanto à lagosta rosa e verde, o estudo registou uma "diminuição progressiva" nas águas de Cabo Verde.
Analisando o estado dos recursos pesqueiros em Cabo Verde, a iniciativa global sugeriu a realização de novos estudos de avaliação de 'stocks' de forma a ter informação mais atualizada e que espelhe a realidade atual e que os dados sejam publicados.
Cabo Verde foi aprovado em fevereiro do ano passado como candidato à Iniciativa de Transparência das Pescas (FiTI), tornando-se no quinto país a receber este estatuto, a par de Equador, Madagáscar, Seicheles e Mauritânia.
Uma das recomendações da iniciativa a Cabo Verde era a criação de um grupo nacional multissetorial, responsável pela elaboração deste que é o primeiro relatório sobre o setor no país.
O documento foi produzido pelo Grupo Multissetorial Nacional (GMN) FiTI de Cabo Verde, composto por 15 membros, representando o Governo, empresas e sociedade civil.
O Governo considerou, em comunicado, que a publicação deste relatório é um "passo importante" na melhor da gestão das pescas, através da transparência.
O potencial anual de captura de recursos haliêuticos de Cabo Verde é estimado entre 33.473 e 46.585 toneladas, numa atividade historicamente dividida em três modelos: pesca artesanal, pesca semi-industrial e pesca industrial.
O arquipélago tem uma superfície de 4.033 quilómetros quadrados (km2), está espalhado por uma área de aproximadamente 87 milhas (140 km) de raio, com cerca de 1.000 km de costa e uma área marítima de responsabilidade nacional de 734.265 km2, que inclui as águas arquipelágicas, o mar territorial, a zona contígua e a Zona Económica Exclusiva.
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