"Não podemos permitir que a UNRWA deixe de fornecer alimentos e educação", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, José Manuel Albares, depois de se reunir em Madrid com o comissário-geral da agência da ONU, Philippe Lazzarini.
Espanha já tinha anunciado, em 05 de fevereiro, uma ajuda urgente de 3,5 milhões de euros para a UNRWA, numa altura em que 16 países (entre eles, Estados Unidos, Canadá e Alemanha) suspenderam o financiamento à agência por causa da denúncia de Israel de que 12 pessoas que trabalhavam com a organização na Faixa de Gaza participaram nos ataques de outubro do grupo islamita radical Hamas em território israelita.
A UNRWA rescindiu os contratos com as pessoas alvo de denúncia de Israel e abriu uma investigação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha lamentou hoje que a situação em Gaza, na sequência da resposta militar de Israel aos ataques do Hamas, alcance "números absolutamente insuportáveis" e alertou que "o silêncio e a inação vão sempre contra as vítimas".
Albares considerou que o trabalho da UNRWA "é insubstituível" e lembrou que a agência da ONU dá assistência a cerca de seis milhões de refugiados palestinianos em Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria, pelo que a ajuda à organização "é literalmente uma questão de vida ou morte".
Philippe Lazzarini considerou a nova ajuda espanhola "uma mensagem clara de solidariedade" com os refugiados palestinianos e também para que os países que cortaram o financiamento à UNRWA "voltem a contribuir".
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 153.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 30.800 mortos, pelo menos 72.298 feridos e cerca de 7.000 desaparecidos soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 400 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 6.650 detenções.
Nos ataques do Hamas de 07 de outubro morreram 1.163 pessoas. Outras 250 foram feitas reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
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