Segundo as primeiras estimativas, a afluência às urnas manteve-se baixa, inferior a 50% na maioria dos 39 círculos eleitorais, o que representa uma diminuição em relação ao último referendo, em 2018, que aboliu a proibição do aborto.
A contagem dos votos deverá começar na manhã de sábado e os resultados serão conhecidos no final do dia.
A primeira pergunta colocada aos cerca de 3,5 milhões de irlandeses inscritos nos cadernos eleitorais dizia respeito à definição de família, propondo o seu alargamento além do casamento, para incluir também "relações duradouras", como os casais em união de facto e os seus filhos.
A segunda pergunta propunha a supressão de uma referência desatualizada ao papel das mulheres no lar, que sugere que elas têm o dever de cuidar de outras pessoas sob o seu teto.
Uma nova fórmula, mais alargada, tornaria todos os membros de uma família responsáveis por cuidar uns dos outros.
As duas alterações dizem respeito ao artigo 41.º da Constituição.
Depois de ter votado, o primeiro-ministro, Leo Varadkar, apelou ao povo irlandês para que votasse "Sim", "para que todas as famílias sejam iguais". "As decisões são tomadas por aqueles que comparecem" nas assembleias de voto, acrescentou, na esperança de aumentar a afluência às urnas.
A Irlanda, membro da União Europeia com uma população de 5,3 milhões de habitantes, legalizou o casamento para casais do mesmo sexo em 2015 e o aborto em 2018.
Todos os principais partidos políticos são a favor do "Sim" e, até há pouco tempo, as sondagens previam uma passagem bastante fácil do referendo do dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher.
Mas as últimas sondagens revelam uma incerteza crescente quanto ao resultado, nomeadamente devido à indefinição das perguntas colocadas à votação.
Esta semana, Leo Varadkar, que lidera o governo de coligação de centro-direita que propôs o referendo, admitiu que a vitória do "Sim" não estava garantida em nenhuma das moções.
"Consideramos estas alterações como pequenos passos em frente e, no cômputo geral, somos a favor do 'Sim'", afirmou Mary Lou McDonald, líder do Sinn Fein, o partido republicano de esquerda, na quinta-feira.
O referendo visa "dar mais um passo em frente na igualdade", defendeu Orla O'Connor, diretora do Conselho Nacional das Mulheres da Irlanda.
Mas os opositores criticaram a redação vaga do referendo.
"Ninguém sabe exatamente o que é uma 'relação duradoura', enquanto toda a gente sabe exatamente o que é um casamento", disse David Quinn, fundador do "Iona Institut", um grupo que defende os interesses da comunidade católica.
"Muitas pessoas vão votar 'Não' devido à confusão" causada e ao desaparecimento das palavras "mulher" e "mãe" do texto, considerou.
Outros comentadores próximos da extrema-direita levantaram o espetro das relações poligâmicas ou do reagrupamento familiar dos migrantes, que consideraram poder ser encorajado.
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