Masra, um antigo opositor, assinou um acordo de reconciliação com Déby antes de ser nomeado primeiro-ministro em 01 de janeiro.
A oposição criticou uma "candidatura de pretexto" destinada a dar uma aparência de pluralidade a uma votação que considera ganha antecipadamente por Mahamat Déby.
"Estou presente como candidato às eleições presidenciais (...) para reparar os corações e unir as pessoas", afirmou este doutor em ciências económicas, de 40 anos, perante centenas de ativistas do seu partido Os Transformadores.
Respondendo às acusações daqueles que o acusam de ter mobilizado a junta militar, respondeu: "Foi um acordo de reconciliação nacional, um acordo dos corajosos (...) para que a nossa busca por justiça nunca se transforme numa busca de vingança".
Masra deslocou-se recentemente aos Estados Unidos e a França, onde, numa entrevista à TV5 Monde, na terça-feira, disse que nada na atual constituição do país o impedia de se candidatar às presidenciais, deixando no ar a possibilidade de o anunciar em breve.
Depois da morte do líder do Partido Socialista Sem Fronteiras (PSF) pelo exército chadiano em 28 de fevereiro, Yaya Dillo, num incidente que o primeiro-ministro promete esclarecer através de um "inquérito do tipo internacional", Masra é o político chadiano com maior estatuto para enfrentar Mahamat Idriss Déby Itno, líder da junta militar no poder, que anunciou a candidatura há uma semana.
Masra, principal líder da oposição em todo o processo político no país desde a morte em abril de 2021 do antigo Presidente chadiano Idriss Déby Itno, pai do atual líder da junta militar, regressou ao Chade em novembro, com a garantia de que não seria responsabilizado criminalmente pelas manifestações de outubro de 2022, que era acusado de organizar e das quais resultaram, pelo menos, 50 mortos, segundo dados oficiais.
No primeiro dia deste ano assumiu a liderança do Governo chadiano e do processo de transição, a convite de Mahamat Déby Itno.
Esta movimentação política, de acordo com várias analistas, calou uma das vozes mais críticas no país, que tinha até então boicotado todas as iniciativas e negociações enquadradas no processo de "diálogo nacional" levado a cabo pela junta militar.
Tanto Succès Masra como Mahamat Déby Itno sustentaram que os atores do processo de transição não deveriam candidatar-se às eleições que concluem o processo de entrega do poder do país a um Governo civil.
Leia Também: RSF condenam "assassínio desprezível" de jornalista e da família no Chade