Mulheres na liderança? Quase 90% acredita que estão sub-representadas
Um estudo feito em Portugal e Espanha dá conta de vários dados que dizem respeito às mulheres em contexto laboral. Sabia que 57% mudaria de emprego por uma melhor política de maternidade?
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Economia Desigualdade
A consultora Robert Walters realizou um estudo sobre a situação atual das mulheres no mercado da Península Ibérica e os resultados foram divulgados esta terça-feira.
“As empresas estão cada vez mais a investir nos seus funcionários, porém, na maioria dos casos desconhecem as razões pelas quais as mulheres deixam a força de trabalho e continuam sub-representadas em cargos de liderança e de gestão. A questão já não é por que é que as mulheres deixam as suas carreiras, mas sim o que as empresas podem fazer para atrair e reter o talento feminino”, lê-se na nota enviada ao Notícias ao Minuto.
Para o estudo a consultora em recrutamento especializado inquiriu em Espanha e Portugal 700 profissionais em posições de gestão de distintas áreas e a 300 responsáveis de seleção em empresas de diferentes setores.
De acordo com a análise, 88% dos profissionais inquiridos consideram que as mulheres estão sub-representadas na liderança.
A nota dá conta de que “apenas” 34% das empresas tem planos específicos para promover a diversidade de género durante o processo de seleção, desenvolvimento e retenção de funcionários.
“Por outro lado, 75% dos profissionais inquiridos pensam que as políticas de educação e formação sobre diversidade de género no ambiente de trabalho deviam ser implementadas. No entanto, apenas metade acredita que a gestão da diversidade de género na sua empresa é transparente ou aberta”, apontam.
O estudo indica ainda que as empresas que não têm políticas claras relativamente à diversidade “estão a ignorar um ingrediente-chave para o sucesso do seu negócio, que é a pluralidade da força de trabalho”. Esta situação levanta assim, segundo os especialistas, dois desafios – o primeiro diz respeito a “como desenvolver uma estratégia eficaz para garantir a diversidade de género no local de trabalho” e a segunda assenta em como “comunicar essa estratégia aos seus funcionários atuais e potenciais”.
E quanto aos processos de seleção?
Segundo o estudo em questão, duas em cada três empresas utilizam métodos para garantir a imparcialidade nos processos de seleção. “55% asseguram que as candidaturas são revistas por várias pessoas na empresa, e 24% optam pela formação dos responsáveis de contratação para que sejam imparciais em relação ao género, que é a medida considerada mais eficaz por 89% dos profissionais inquiridos”, lê-se ainda.
"As empresas que lideram práticas que asseguram a igualdade de oportunidades têm uma força de trabalho sólida e a longo prazo, bem como uma vantagem competitiva num contexto de escassez de talento. Estas empresas que garantem a diversidade no local de trabalho demonstram mais criatividade e inovação nos seus projetos e negócios, como certificam 77% dos recrutadores que participaram neste estudo", explicou o CEO Robert Walters e Walters People, Gerrit Bouckaert.
Gerrit argumenta ainda que "Como as estratégias de gestão de talento estão focadas na compreensão das necessidades individuais de cada funcionário, as empresas têm a oportunidade de criar estratégias que desenvolvam futuros líderes, mas que também melhorem a diversidade de género em cargos de chefia”.
E (só) as mulheres? O que têm a dizer?
A análise dá ainda conta de que 9 em cada 10 mulheres pensam que o “melhor método para manter os profissionais comprometidos e satisfeitos com a organização é a existência de um caminho claro para a progressão de carreira. Além disso, 48% afirmam que ter um trabalho gratificante é sua principal prioridade profissional”.
Face a uma mudança de trabalho, as mulheres consideram ainda que os aspetos relacionados com a flexibilidade laboral são os mais determinantes. “Grande parte das mulheres valoriza medidas mais atraentes de conciliação da vida pessoal com a profissional (74%), horários flexíveis ou a possibilidade de trabalhar a partir de casa (61%), aspetos tão importantes ao decidir começar um novo projeto profissional. Outros fatores-chave numa mudança de trabalho incluem um ambiente colaborativo e de trabalho em equipa (63%), bem como um espaço para expressar opiniões livremente (56%)”, detalham.
A análise permite ainda concluir que 57% das mulheres mudariam de emprego por uma melhor política de maternidade e 63% acreditam que “terem optado por uma medida de conciliação abrandou ou pode abrandar a sua projeção profissional”.
“Isto revela que não só é necessário oferecer uma gama mais variada de políticas e benefícios, como também produzir uma mudança cultural dentro das empresas para garantir a sua eficácia. Certificar-se que apoia as mulheres da sua empresa que decidem ter filhos por meio de políticas family-friendly é essencial para manter o seu talento. É muito importante oferecer benefícios sociais para além da licença de maternidade, assegurando que as mulheres permanecem ligadas à empresa durante este período, o que irá facilitar depois a sua reincorporação com sucesso”, comentou o CEO acima mencionado.
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