Mark Rutte avisa que invasão israelita de Rafah pode implicar sanções
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, avisou hoje que uma invasão israelita de Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, será "um ponto de viragem" que terá "consequências políticas", incluindo sanções impostas pelos Países Baixos.
© Getty Images
Mundo Holanda
Num discurso perante o parlamento nacional, Rutte garantiu que já transmitiu ao seu homólogo israelita, Benjamin Netanyahu, que o acesso à ajuda humanitária tem de "ser a prioridade" atual e avisou que se cumprir a sua ameaça de invadir Rafah, isso será "um ponto de viragem" nas relações entre os dois países.
"O Governo reunir-se-á imediatamente para considerar as opções. Será um momento que terá consequências", prometeu Rutte aos deputados, sublinhando que, por enquanto, não há indicação de que tal invasão "esteja iminente".
Rutte descartou, no entanto, a possibilidade de romper relações com Netanyahu, argumentando que "parar de falar não leva a lado nenhum".
No final de fevereiro, o Gabinete de Guerra de Israel recebeu um plano concebido pelo exército para expandir a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza até Rafah, que incluía a retirada de todos os civis da região, embora não revelasse para onde seriam levados já que todo o enclave está praticamente devastado.
Mais de um milhão de habitantes de Gaza já foram retirados do norte do enclave, no final de outubro, e muitos foram diretamente para Rafah, por ser, na altura, considerado o local mais distante dos tanques israelitas.
A região está atualmente repleta de tendas e as pessoas vivem em condições de muita pobreza.
Rutte disse ter "sérias preocupações" sobre a situação humanitária em Gaza, mas rejeitou acusar Israel de usar a fome como arma de guerra.
"Isso terá que ser determinado de forma independente", afirmou.
Na terça-feira, várias entidades avisaram Israel sobre a possibilidade de estar a cometer um crime de guerra, usando a fome como arma.
O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos defendeu que Israel tem obrigação de evitar a fome iminente na Faixa de Gaza e alertou que o bloqueio e a ofensiva militar "podem equivaler ao uso da fome como arma de guerra".
Também um grupo de 25 organizações não-governamentais (ONG) reivindicou ser imperativo dar ajuda humanitária por via terrestre à população da Faixa de Gaza e pediu um cessar-fogo imediato perante a crise de fome que se alastra no enclave palestiniano.
Os alertas foram feitos um dia depois de a situação alimentar na Faixa de Gaza ter sido considerada catastrófica.
Segundo um relatório realizado por um grupo de organizações internacionais e instituições de ajuda humanitária conhecido como Iniciativa Integrada de Classificação da Fase de Segurança Alimentar (IPC), um em cada dois habitantes da Faixa de Gaza vive uma situação alimentar catastrófica, especialmente no norte.
A análise adianta ainda que o cenário ameaça espalhar-se por todo o enclave, colocando mais de dois milhões de palestinianos na mais ampla e grave crise alimentar do mundo.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 31 mil pessoas, maioritariamente civis.
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