O governo norte-americano pode estar a considerar a possibilidade de fazer um acordo com o fundador do portal de denúncias WikiLeaks, Julian Assange, avançou esta quarta-feira o Wall Street Journal.
A imprensa norte-americana declarou que o departamento de justiça dos EUA estará a estudar formas de encurtar a longa batalha judicial travada em Londres pelo fundador do WikiLeaks contra a extradição para os EUA, sob acusação de espionagem pela publicação de milhares de documentos confidenciais dos EUA relacionados com as guerras do Afeganistão e do Iraque.
Em cima da mesa está um plano que retiraria as atuais 18 acusações ao abrigo da Lei da Espionagem, se Assange se declarasse culpado de manuseamento incorreto de documentos confidenciais - o que é considerado um delito menor.
Assange poderia assim fazer a confissão à distância, a partir de Londres, e seria provavelmente libertado pouco tempo depois do acordo ser celebrado, uma vez que já passou cinco anos sob custódia no Reino Unido, destaca o Wall Street Journal.
No entanto, os seus advogados avançam que "não receberam qualquer indicação" de que Washington tenciona alterar a sua abordagem do caso.
"Não é apropriado que os advogados de Assange façam comentários enquanto o seu caso está a ser julgado pelo Supremo Tribunal do Reino Unido, a não ser para dizer que não recebemos qualquer indicação de que o Departamento de Justiça tenciona resolver o caso e que os Estados Unidos continuam, com a mesma determinação de sempre, a pedir a sua extradição pelas 18 acusações, expondo-o a 175 anos de prisão", declarou um dos seus advogados de defesa, Barry Pollack, através de um comunicado.
Nas próximas semanas, o Supremo Tribunal deverá decidir se concede, ou não, a Assange o direito de recorrer da extradição.
De recordar que Assange, um antigo pirata informático de 51 anos, está a ser acusado nos EUA por publicar mais de 700.000 documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas dos EUA, particularmente no Iraque e no Afeganistão, a partir de 2010.
Os EUA invocaram a Lei de Espionagem para acusar Assange de 18 crimes, pelos quais arrisca 175 anos de prisão.
Julian Assange está detido desde 2019 na prisão de alta segurança de Belmarsh, no leste de Londres, após sete anos de auto-exílio na embaixada do Equador em Londres para evitar a extradição para a Suécia por alegada agressão sexual.
O australiano aguarda uma decisão do Tribunal Superior de Londres sobre se poderá recorrer contra a autorização do Governo britânico para o extraditar para os EUA depois de dois dias de audiências em fevereiro.
Se a justiça britânica recusar o recurso, terá como última instância o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
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