Rússia proclama sucesso militar na ONU e ocidentais frisam perdas russas
A Rússia proclamou hoje perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) ter alcançado o objetivo da sua "Operação Militar Especial" de "desmilitarizar a Ucrânia", enquanto britânicos e norte-americanos salientaram as enormes perdas russas no conflito.
© Michael M. Santiago/Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
"Dado que as Forças Armadas da Ucrânia não lutam com as suas armas há muito tempo, podemos dizer que foi alcançado o objetivo da nossa SVO (abreviatura para Operação Militar Especial, termo usado pelo Governo russo para se referir à invasão do território ucraniano) de desmilitarizar a Ucrânia ", declarou o representante de Moscovo junto à ONU, Vasily Nebenzya.
Agora, avaliou o embaixador russo, os militares ucranianos sobrevivem exclusivamente com material proveniente dos países da NATO.
"Mas mesmo apesar da transferência (...) do equipamento ocidental mais caro, as Forças Armadas russas continuam consistentemente a destruir os Abrams, Leopards e Himars", acrescentou, referindo-se a material militar doado pelos aliados a Kiev.
Numa reunião do Conselho de Segurança convocada pela missão russa para discutir o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, Nebenzya advogou que, apesar da assistência militar, financeira e política prestada pelo ocidente, a situação é "extremamente terrível" para a Ucrânia no campo de batalha, com Kiev a "caminhar inevitavelmente para a derrota militar".
O embaixador russo referiu também a situação económica de Kiev, advogando que o país depende também do financiamento do ocidente, que acusa de ser o responsável por prolongar a guerra.
Alguns dos países ocidentais que integram o Conselho de Segurança, como o Reino Unido, apontaram que é Moscovo quem paga o "custo profundo" da "vaidade neoimperialista do Presidente Vladimir Putin".
"A economia russa perdeu 400 mil milhões de dólares (370,1 mil milhões de euros) através de sanções e centenas de milhares de jovens russos partiram em busca de oportunidades no estrangeiro. Para aqueles que ficaram, a liberdade de expressão foi silenciada. Mais de 20 mil foram presos por se oporem à guerra de Putin", defendeu o diplomata britânico Thomas Phipps.
Ainda de acordo com Phipps, a Frota Russa do Mar Negro foi dizimada e quase 3.000 tanques e 105 aeronaves foram destruídos.
"Os militares russos sofreram mais de 350.000 baixas. É claro que não ouviremos falar disto na televisão russa, mas é demasiado real para mais de um milhão de mães, pais, irmãs e irmãos russos tocados pela tragédia da arrogância do Presidente Putin", frisou.
"E tudo isto por uma guerra que a Rússia não pode vencer. A Rússia não pode vencer porque, através da sua coragem e engenhosidade, os ucranianos demonstraram que não serão subjugados (...) e porque a comunidade internacional não abandonará a Ucrânia ", assegurou o britânico.
Já o diplomata norte-americano Robert Wood destacou que a Rússia tem adquirido armas a "regimes desonestos", como o Irão e a Coreia do Norte, em violação das resoluções do Conselho de Segurança.
A Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, depende da ajuda do Ocidente em armamento para fazer frente às tropas russas.
Kiev lançou uma contraofensiva no verão com resultados modestos, que atribuiu ao atraso na chegada de armamento, e tem criticado as hesitações de alguns países no envio de armas.
Moscovo respondeu à contraofensiva com um aumento dos ataques contra a Ucrânia nos últimos meses.
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