"Foram notificados cada vez mais casos nos Estados de Hirshabelle, Puntland e Sudoeste", sendo que, desde o início do ano, "o número de casos registados é três vezes superior à média dos últimos três anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)", lê-se no comunicado do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
Estes casos confirmados em 32 distritos correspondem a uma taxa de mortalidade global de 1,2%, "superior ao limiar da OMS para situações de emergência", referiu o OCHA.
Segundo o comunicado do OCHA, o surto de cólera deve-se aos elevados níveis de desnutrição entre as crianças, ao acesso insuficiente a água potável, a práticas de defecação ao ar livre, latrinas com falta de higiene e saneamento inadequado entre as comunidades, entre outros fatores.
O gabinete salientou que "62% das mortes registadas são de crianças com menos de 5 anos de idade".
O OCHA alertou que a água potável e o saneamento adequado podem prevenir a cólera e a diarreia aquosa aguda, mas "estima-se que 28% das famílias somalis não dispõem de instalações sanitárias funcionais, enquanto 34% praticam a defecação ao ar livre e 80% não dispõem de instalações para a lavagem das mãos".
Devido ao aumento de casos na Somália, foram aprovadas cerca de 1,4 milhões de doses de vacinas para cinco distritos - Daynile (sudeste), Mahady (sudoeste), Buurhakaba (sudeste), Bossaso (norte) e Balcad (a 36 quilómetros norte da capital Mogadíscio), referiu.
O Grupo Internacional de Coordenação para a Disponibilização de Vacinas, que gere a reserva mundial de vacinas contra a cólera, apelou a uma ação imediata para travar um aumento sem precedentes de casos de cólera em todo o mundo, citou o OCHA.
"Além disso, foram pré-posicionados 105 kits em todo o país, suficientes para tratar 10.500 casos de cólera e diarreia aquosa aguda", comunicou.
Todavia, o OCHA alertou que a resposta em curso enfrenta desafios, como "a escassez de profissionais de saúde qualificados para gerir os casos complicados, os elevados movimentos da população, a fraca sensibilização das comunidades, as deficientes infraestruturas dos centros de tratamento e um financiamento inadequado".
A agência das Nações Unidas prevê que o número de casos se agrave quando começarem as chuvas entre abril e junho.
Por isso, antes das chuvas, os parceiros e as autoridades sanitárias da Somália intensificaram as atividades de resposta e preparação, orientadas por um plano de ação de seis meses cuja execução requer 5,5 milhões de euros, declarou o OCHA.
A Somália tem registado uma transmissão ininterrupta de cólera e diarreia aquosa aguda desde 2016, segundo a OMS.
A doença é uma infeção intestinal aguda que se propaga através de alimentos e água contaminados com bactérias, muitas vezes provenientes de fezes.
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