Livro foi encadernado com pele humana (e "dignidade" levou à sua remoção)
O livro 'Des Destinées de L'âme', que significa 'Destinos da Alma', foi escrito por Arsène Houssaye, um romancista e poeta francês, no início da década de 1880.
© Universidade Harvard
Mundo Harvard
A Universidade Harvard, localizada na cidade de Cambridge, estado norte-americano de Massachusetts, anunciou, na quarta-feira, que removeu a encadernação feita de pele humana de um livro do século XIX sobre a vida após a morte que se encontrava nas suas coleções desde a década de 1930. A decisão foi tomada depois de uma análise ter revelado problemas éticos na origem e na história do livro.
O livro, 'Des Destinées de L'âme', que significa 'Destinos da Alma', foi escrito por Arsène Houssaye, um romancista e poeta francês, no início da década de 1880. O texto impresso foi entregue a um médico, Ludovic Bouland, que "encadernou o livro com pele que retirou sem consentimento do corpo de uma paciente que tinha morrido num hospital onde trabalhava", revelou Harvard, em comunicado, citado pela Associated Press. O livro esteve na Biblioteca Houghton, da universidade.
Foi uma análise científica efetuada em 2014 que confirmou que a encadernação era feita de pele humana. Nessa altura, segundo Harvard, foi utilizado um "tom sensacionalista, mórbido e humorístico que alimentou uma cobertura mediática internacional". Além disso, durante anos, o volume exibido foi usado para divulgação da biblioteca e, em algumas ocasiões, como uma espécie de 'partida' para novos funcionários.
No entanto, após anos de críticas e debates, a universidade realizou um estudo em 2022 sobre restos humanos nas suas coleções e, perante os resultados divulgados num relatório, foi decidido retirar a encadernação feita com pele humana e (finalmente) e considerar alternativas para dar-lhe "um destino final respeitoso e devolver dignidade à mulher cuja pele foi usada".
"A Biblioteca de Harvard e o Comité de Retorno de Coleções do Museu de Harvard concluíram que os restos humanos usados na encadernação do livro não se encaixam na coleção da Biblioteca de Harvard, devido à natureza eticamente complexa das origens do livro e a sua história subsequente", lê-se no comunicado.
A pele removida está agora num "armazenamento seguro na Biblioteca de Harvard", contou Anne-Marie Eze, bibliotecária na Biblioteca Houghton.
A biblioteca informou ainda que irá efetuar investigações adicionais sobre o livro, Bouland e a paciente anónima.
Leia Também: Festival Cidade dos Livros aborda histórias da resistência e liberdade
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com