Segundo o porta-voz da Força Aérea ucraniana, dois grupos estão já a aprimorar as suas aptidões na aeronave, na Dinamarca e nos Estados Unidos, e outro grupo está a fazer a transição da sua formação base no Reino Unido para a França, com vista ao treino concreto em F-16.
Em declarações a uma emissora televisiva ucraniana citadas pelo portal Euromaidan, Illya Yevlash indicou igualmente que uma equipa técnica ucraniana está a receber formação específica para ministrar no futuro o treino de outros pilotos e pessoal de terra na Ucrânia.
Segundo o Euromaidan, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou anteriormente que os primeiros dez pilotos ucranianos completaram o treino intensivo de voo da Royal Air Force (RAF), abrangendo voo básico, ensino terrestre e ensino de idiomas, já que o domínio de inglês é crucial para a operação de aeronaves estrangeiras.
De seguida, este grupo transitará para França, onde vai receber formação da Força Aérea Francesa em caças F-16, considerados essenciais para contrariar a superioridade russa nos céus da Ucrânia desde a invasão iniciada em fevereiro de 2022.
As autoridades de Kyiv têm exigido desde o começo das hostilidades o envio de caças modernos, mas só em agosto do ano passado os Estados Unidos aprovaram a transferência dos caças norte-americanos da Dinamarca e da Holanda, que já se tinham oferecido para ceder estes aparelhos.
Em 21 de fevereiro, a Guarda Nacional do Arizona informou ao canal norte-americano CNN que os primeiros quatro pilotos ucranianos nos Estados Unidos deveriam terminar a sua formação em F-16, iniciada em outubro do ano passado, até ao próximo verão, e outros 12 aviadores fariam progressos até agosto.
Também o Presidente romeno, Klaus Iohannis, aprovou a formação de 50 pilotos ucranianos em jatos F-16 na base militar de Fete?ti, prevendo-se que a formação termine no final do ano, mas o Euromaidan assinala que ainda não há registo de que este processo tenha começado.
O portal ucraniano recorda que, em janeiro, Nataliia Halibarenko, chefe da Missão da Ucrânia na NATO, afirmou que os Aliados avaliaram favoravelmente os preparativos para a introdução de caças F-16 nos céus do país.
Em julho do ano passado, foi criada a coligação internacional de F-16, liderada por Dinamarca e Países Baixos, a que Portugal também aderiu na componente da formação.
Em fevereiro, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, avistou-se em Kyiv com o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros João Gomes Cravinho, a quem pediu que Portugal também considerasse o envio de aparelhos.
Na mesma altura, o chefe de gabinete adjunto da Presidência ucraniana, Ihor Zhovkva, em entrevista à Lusa, disse esperar que, após as eleições legislativas, Portugal aumentasse o seu apoio militar a Kyiv, que classificou como "bastante modesto".
A ex-ministra da Defesa Helena Carreiras anunciou então que Portugal vai dar este ano formação, em território nacional, a militares da Força Aérea da Ucrânia, com uma duração de quatro a seis meses, nas áreas do controlo de tráfego aéreo e manutenção de caças F-16, mas não se comprometeu com o envio de aeronaves.
Os Estados Unidos aprovaram a doação de caças F-16 da Dinamarca e da Holanda para a Ucrânia em agosto de 2023 e, mais tarde, a Bélgica e a Noruega também anunciaram intenções de fornecer estes caças de combate a Kyiv.
O prazo indicado das entregas foi sempre apontado para o primeiro semestre deste ano, mas, em declarações recentes, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, ajustou o calendário para meados do verão.
No mês passado, o ministro da Defesa da Dinamarca, Troels Lund Poulsen, disse ao jornal The New York Times que o "treino estava a progredir bem" e observou que os pilotos ucranianos já estavam a sobrevoar o espaço aéreo dinamarquês, mas não se comprometeu com a data do final do processo.
O mesmo jornal apontou na altura que a Ucrânia poderia integrar inicialmente seis dos cerca de 45 jatos F-16 prometidos até julho.
Numa entrevista em fevereiro, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, defendeu que os pilotos ucranianos de caças F-16 teriam o direito de atacar alvos militares legítimos fora da Ucrânia, ou seja, em território russo.
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