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A cronologia do ataque a funcionários por erro em Gaza. "Pareciam alvos"

Sete funcionários da organização humanitária World Health Kitchen morreram após um ataque das forças israelitas, na segunda-feira. Telavive considerou que tinha sido um "erro grave", e investigou a situação, tendo apresentado as conclusão na quinta-feira.

A cronologia do ataque a funcionários por erro em Gaza. "Pareciam alvos"
Notícias ao Minuto

15:38 - 05/04/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Israel/Palestina

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) apresentaram, esta sexta-feira, os resultados de uma investigação à morte de sete funcionários humanitários às suas mãos – depois de a comunidade internacional ter pressionado (e condenado) Telavive por um ataque que definiu como "erro trágico".

A investigação foi feita durante três dias e, de acordo com o exército, aconteceu na sequência de um conjunto de erros que levou à morte destes funcionários da World Central Kitchen, que estavam em Gaza a ajudar a combater a fome provocada pelo conflito entre o Hamas e Israel.

“Os resultados da investigação indicam que este incidente não devia ter acontecido”, sublinham os responsáveis, que dão conta de que dois oficiais superiores vão ser afastados das suas funções e que outros dois serão repreendidos.

“Os soldados acreditavam que os veículos tinham armas do Hamas […] e as IDF avançaram com o ataque porque achavam que estavam os carros tinham sido apreendidos pelo Hamas”, explica Telavive.

Mas... como se passou tudo?

De acordo com as informações dadas pelo exército numa conferência no ministério da Defesa, onde a imprensa internacional esteve presente, houve neste caso não só falta de comunicação, como falsos pressupostos.

Que operação era esta?

Esta operação foi combinada com Israel, e detalhes sobre a operação – que trazia 300 toneladas de comida do Chipre para Gaza. Segundo o que é conhecido, Telavive conhecia a identidade dos funcionários que participavam nela, assim como detalhes dos veículos (excluindo as matrículas), assim como sabia quais seriam os seus movimentos. Segundo a investigação, esta identificação “foi feita da forma correta”, mas tudo correu mal a partir daí.

Como é que tudo se passou? E a que horas?

O Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios (COGAT) era o organismo que conheceria todos os detalhes da missão, mas a comunicação com as IDF "parou algures" de funcionar.

22h: Camiões seguiram para sul, em Gaza, até um armazém;

22h08: Um operador de drone diz ter visto uma pessoa armada em cima de um dos camiões. O COGAT foi notificado pelas IDF e tentou contactar os funcionários da organização humanitária, mas sem sucesso. Tentaram, depois contactar a sucursal na Europa, mas também sem sucesso.

22h28 - 22h47: A escolta chega ao armazém;

22h46: Um segundo homem armado junta-se ao primeiro e foi aí que as IDF assumiram que eram membros do Hamas. Ainda assim, não se deu ordem para atacar devido à missão humanitária. “À vista do operador havia homens armados; mas havia a ordem para não disparar por causa de estarem juntos a uma escolta humanitária”, explicaram os responsáveis.

22h55: Quatro veículos deixam o armazém (e dois drones armados a pairar);

Segundo a IDF, um destes veículos desviou-se para norte, alterando o trajeto combinado.

Um drone controlou a chegada deste veículo a um outro hangar, e quatro pessoas saíram do carro – pessoas estas que se julgaram ser do Hamas. Segundo a Sky News, que obteve imagens deste momento, refere que estas não são conclusivas, mas que “estão a ser transportados objetos que podem ser interpretados como armas”. 

Os outros três veículos, onde estavam os funcionários, viajaram para sul depois de deixaram o armazém. O operador de drone disse que acreditava ter visto uma pessoa armada a entrar num dos carros e que os trabalhadores tinham ficado no armazém.

“Pareciam alvos”

Segundo as IDF, houve nesse momento um erro de classificação, com o operador a identificar duas pessoas com armas, que "aos operadores pareciam alvos”.

Sendo de noite, pouco antes da meia-noite, a hipótese de as armas terem sido confundidas com “um saco ou algo semelhante” é colocada em cima da mesa. “Não sabemos”, refere a IDF.

Também o logótipo da organização, nos tejadilhos dos veículos, não era identificável pelos drones. “É uma lição que precisamos de aprender. As câmaras não conseguiram identificar as marcas – não são visíveis à noite. Foi um fator-chave", explicaram.

Nesta altura, o operador de drone e a brigada pensam que há combatentes do Hamas nos veículos, que os funcionários ficaram no hangar e que a missão humanitária acabou.

O ataque

23h09: É lançado o primeiro míssil. Duas pessoas são vistas a fugir para o segundo carro;

23h11: Sem uma nova ordem para continuar o ataque, um segundo míssil é lançado, e o carro anteriormente referido é atingido. Ainda há sobreviventes, que correm para o terceiro carro;

22h13: Um terceiro míssil é disparado, atingindo o terceiro carro, e matando os sete funcionários.

Segundo as IDF, foi a decisão de lançar os dois últimos mísseis que violou o “procedimento operacional”.

“É uma tragédia, um erro, algo sério pelo qual somos responsáveis”, disse o porta-voz das IDF. Mas no meio de incertezas, o responsável garantiu: “De uma coisa temos a certeza. Não houve intenção de fazer mal aos funcionários da World Central Kitchen ou quaisquer outros civis”.

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