Última oração de 6.ª-feira do Ramadão decorre sem incidentes em Jerusalém

Cerca de 120.000 fiéis muçulmanos compareceram hoje na mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém, para a última oração de sexta-feira do mês sagrado do Ramadão, com registo apenas de uma dezena de palestinianos detidos por delitos menores.

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Lusa
05/04/2024 16:38 ‧ 05/04/2024 por Lusa

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Jerusalém

Segundo o Departamento de Doações Islâmicas de Jerusalém, a participação na quarta e última sexta-feira (dia sagrado para os muçulmanos) do Ramadão foi de cerca de 120.000 fiéis, "apesar das medidas de deslocação rigorosas e sem precedentes impostas à cidade ocupada de Jerusalém".

Argumentando com a guerra em curso na Faixa de Gaza e a situação de segurança, Israel impôs este ano restrições à entrada de palestinianos da Cisjordânia ocupada em Jerusalém para acesso à Esplanada das Mesquitas (ou Monte do Templo, para os judeus) nesta sexta-feira do Ramadão.

No final da oração do meio-dia na Esplanada das Mesquitas, onde se situa a mesquita de Al Aqsa, foram registados pequenos incidentes e a polícia dispersou os fiéis, o que resultou em três detenções: uma por insulto a agentes e outras duas por as pessoas terem regressado aquela área depois de ordenada a dispersão.

Durante a oração da madrugada, a polícia informou ter detido oito palestinianos por terem entoado cânticos considerados como "incitamento e apoio ao terrorismo".

"Estes vis instigadores e apoiantes do terrorismo são residentes no Estado de Israel que aproveitam uma ocasião religiosa e utilizam um local sagrado de oração para incitar e apoiar o terrorismo e os terroristas", referiu a polícia num comunicado.

Apesar das preocupações crescentes sobre possíveis distúrbios, as orações neste mês sagrado decorreram de forma pacífica na Esplanada das Mesquitas.

A polícia tinha intensificado a sua presença em toda a Cidade Velha de Jerusalém, situada na metade oriental ocupada da cidade, com cerca de 3.600 agentes, além de suspender o trânsito durante o dia.

A presença policial será reforçada hoje à noite, quando os muçulmanos comemoram o Laylat al-Qadr, a noite mais sagrada do ano no Islão - na quarta sexta-feira do Ramadão - e considerada particularmente sensível em termos de segurança.

Os judeus encaram o Monte do Templo como o local mais sagrado para a sua religião, cuja tradição ali coloca dois templos bíblicos destruídos. A Esplanada das Mesquitas, que abriga a Mesquita de Al Aqsa e a Cúpula da Rocha, é o terceiro local mais sagrado do Islão - depois de Meca e Medina, na Arábia Saudita - tornando-o um foco permanente do conflito israelo-árabe.

Também hoje, o Irão e os seus aliados comemoram o Dia de Al Quds (Jerusalém em árabe), uma celebração realizada na última sexta-feira do Ramadão desde a Revolução Islâmica de 1979, com o objetivo de demonstrar apoio aos palestinianos.

Al Aqsa é também um símbolo nacional da causa palestiniana e, no Ramadão, os jovens aproveitam para hastear bandeiras palestinianas ou mesmo de milícias como o Hamas ou a Jihad Islâmica, o que é visto por Israel como um incitamento ao terrorismo, razão pela qual são frequentes as cargas policiais no local.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Manifestantes israelitas continuam nas ruas a pedir saída de Netanyahu

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