Líder dos talibã apela a respeito da lei islâmica e retoma de relações
O líder dos talibã exortou hoje os afegãos a respeitar a lei islâmica imposta pelo seu governo, até à data sem qualquer reconhecimento internacional, e apelou a "todas as nações" para que restabeleçam laços com Cabul.
© Twitter via Reuters
Mundo Talibãs
Numa rara mensagem, divulgada por ocasião do Eid al-Fitr, que assinalará o fim do Ramadão na próxima semana para os muçulmanos, o emir Hibatullah Akhundzada afirmou que "a injustiça e a recusa da sharia", a lei islâmica que os talibã tentam aplicar num modelo ultra ortodoxo, "levam à insegurança".
O emir que vive em reclusão em Kandahar, no sul do Afeganistão, enquanto o Governo tem sede em Cabul, garantiu igualmente querer "relações diplomáticas e económicas com todas as nações", depois de a comunidade internacional ter cortado laços com as autoridades afegãs após o regresso dos talibã ao poder em agosto de 2021.
O governo afegão aplicou sucessivas medidas restritivas da liberdade das mulheres, uma política classificada como "apartheid de género" pelas Nações Unidas, que apontam que o Afeganistão é desde então o único país do mundo onde a educação das raparigas está interdita após o ensino primário.
Em janeiro, foi divulgada uma gravação áudio atribuída ao emir, onde prometia recuperar os castigos praticados pelo primeiro governo talibã, no poder entre 1996 e 2001, como as chicotadas em público e o apedrejamento de mulheres condenadas por adultério, que motivaram indignação em todo o mundo.
A gravação, que as autoridades não comentam, foi partilhada inúmeras vezes nas últimas semanas, tendo o porta-voz do governo talibã explicado recentemente a um meio de comunicação local que a lapidação está prevista na sharia e que pode ser aplicada novamente "se as condições para isso estiverem reunidas".
As execuções em praça pública, frequentes no primeiro regime talibã, são hoje pouco utilizadas. Os castigos corporais, pelo contrário, são habituais, particularmente as chicotadas, sobretudo para castigar o roubo, o adultério ou o consumo de álcool.
Na quarta-feira, cinco homens e uma mulher acusados de adultério e sodomia foram chicoteados em público na província oriental de Logar, de acordo com o Supremo Tribunal afegão.
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