Os pais de Ethan Crumbley, o jovem que em 2021 matou quatro pessoas num tiroteio no estado norte-americano de Michigan, foram condenados a pelo menos dez anos de prisão.

A sentença foi ouvida esta terça-feira, e, de acordo com as publicações internacionais, o casal terá direito a liberdade condicional depois de dez anos na prisão (e não poderão ficar detidos mais de 15 se a condicional for negada).

A imprensa internacional refere que a pena de prisão recomendada foi de sete anos, mas os procuradores quiseram uma sentença maior por homicídio involuntário. Esta é uma decisão histórica, dado que são os primeiros pais nos Estados Unidos a ser condenados devido aos crimes do filho, que, na altura, tinha 15 anos.

"Não se espera que os pais adivinhem. Mas estas condenações não são devido a uma má educação. Dizem respeito a atos que poderiam ter travado as ações", explicou a juíza responsável pelo caso. Segundo os procuradores, o casal ignorou sinais claros de que a saúde mental do filho estava deteriorada e compraram-lhe a arma que foi usada no tiroteio - que para além dos mortos, todos com menos de 17 anos, deixou ainda sete feridos.

Ethan Crumbley, está a cumprir prisão perpétua, depois de o tiroteio ter acontecido na Escola Secundária de Oxford.

Esta terça-feira, as mães das vítimas mortais estiveram também em tribunal. "Enquanto vocês compravam uma arma para o vosso filho e a deixaram destrancada, eu estava a ajudar a minha filha a fazer os trabalhos de casa", explicou Nicole Beausoleil, cuja filha tinha 17 anos. "Decidiram que serem pais não era uma prioridade. E por causa disso eu perdi a minha filha", acrescentou.

A mãe de uma outra jovem, também com 17 anos, sublinhou em tribunal como  James e Jennifer Crumbley falharam em agir. "Se ao menos tivessem feito alguma coisa para mudar o rumo", apontou esta mãe.

James Crumbley sublinhou o seu arrependimento antes da sentença e referiu que deveria ter agido de forma diferente. "Quem me dera ter percebido o que se passava com ele, teria agido de forma diferente", garantiu. Já a mãe pediu desculpas pela dor que a situação causou às famílias.

Ethan procurou ajuda psicológica, mas os seus pais tê-lo-ão ignorado. No dia do tiroteio, deslocaram-se até à escola secundária para confrontá-lo com um desenho mórbido de uma arma, uma pessoa ferida e frases como: "os pensamentos não param, ajudem-me".

Só que, em vez de levar Ethan de volta para casa, os Crumbley abandonaram a escola com uma lista de contactos de serviços de saúde mental e regressaram ao trabalho. Umas horas depois, o jovem abriu fogo sobre os seus colegas de escola.

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