O Médio Oriente está em alerta desde o ataque atribuído a Israel, em 01 de abril, contra o consulado iraniano, no qual morreram altos membros da Guarda Revolucionária, e após subsequentes ameaças de retaliação contra o Estado judaico.
O líder supremo do Irão, o 'ayatollah' Ali Khamenei, insistiu repetidamente que "o regime sionista deve ser e será punido" e, mais recentemente, na quarta-feira, foram repetidas as ameaças por praticamente todos os altos funcionários do país.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, considerou na sexta-feira que alguns avisos são reais, sublinhando que acontecerão "mais cedo ou mais tarde".
No entanto, Biden pediu a Teerão para não efetuar qualquer ato de retaliação, assegurando que os Estados Unidos ficarão ao lado de Israel.
No meio destas tensões, Índia, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Polónia, França e Áustria pediram aos seus cidadãos para evitarem viagens ao Irão e que, se estiveram na região, para a abandonarem rapidamente, enquanto a companhia aérea alemã Lufthansa suspendeu os seus voos para Terrão.
As autoridades iranianas não repetiram sexta-feira as ameaças contra Israel, o que coincidiu com um fim de semana prolongado festivo pelo fim do Ramadão.
O clérigo Kazem Seddiqi, que presidiu às orações matinais de sexta-feira de Teerão, dedicou a intervenção à guerra em Gaza e à "resistência palestiniana".
Nos últimos dias tem havido também intensa atividade diplomática com ligações telefónicas entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hosein Amir Abdolahian, e os homólogos do Reino Unido, Austrália, Alemanha e Itália.
Nessas chamadas, Abdolahian expressou a insatisfação com a incapacidade do Conselho de Segurança da ONU em condenar o ataque ao consulado, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo um major-general e reiterou o direito do seu país à "autodefesa".
Os diplomatas ocidentais, por seu lado, pediram contenção a Teerão, segundo declarações publicadas pelos respetivos ministérios.
"Instei Teerão a agir com moderação", disse o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, nas redes sociais após falar com Abdolahian.
Após estas conversas, o portal de notícias iraniano Nournews, ligado ao Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, alertou para as contradições dos apelos à moderação por parte do Ocidente.
"O Irão aprendeu com os seus laços políticos com o Ocidente que deve ser sempre cético em relação aos apelos ao autocontrolo e à moderação", escreveu este sábado o meio de comunicação na rede social X (e3x-Twitter).
Por outro lado, na próxima segunda-feira, Abdolahian participará numa sessão da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano para discutir uma potencial retaliação contra Israel, segundo a imprensa local.
O analista político iraniano do Instituto dos Estados Árabes do Golfo, em Washington, Ali Alfoneh, afirmou que Teerão "espera o momento" para responder.
"O regime [iraniano] está feliz com o pânico em Israel. Espera pacientemente pelo momento e o alvo poderá nem estar no Médio Oriente", defendeu.
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