A seguir aos Estados Unidos, a França é o segundo país do mundo com mais centrais nucleares, segundo a empresa de estatísticas Statista. A empresa pública francesa de energia, EDF, refere que os reatores nucleares de diferentes níveis de potência ativos no país têm capacidade produzir cerca de 70% da eletricidade do país.
Eis alguns pontos essenciais sobre a energia nuclear francesa:
Desenvolvimento da energia nuclear
A França começou a desenvolver energia nuclear em 1945, com a criação da Comissão da Energia Atómica (CEA), para satisfazer a procura crescente de eletricidade de forma independente e a baixo custo, com as primeiras centrais nucleares a entrarem em funcionamento em 1956.
Desde os anos 1970, o país tem vindo a apostar neste tipo de energia para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis, por ser uma energia com baixas emissões de carbono, que não emite gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global.
Desde 1985, a produção de eletricidade proveniente de energia nuclear em França foi sempre superior a 63% e, atualmente, regista-se um aumento de energias renováveis maioritariamente de origem hidroelétrica e eólica.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, esteve presente na Cimeira sobre Energia Nuclear em março, na qual os 37 países presentes destacaram a importância desta fonte energética e reafirmaram o compromisso para reduzir as emissões de Co2. O país pretende alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
Novos projetos
O governo informou que quer construir seis novos reatores até 2050 e desenvolver pequenos reatores modulares (SMR), de baixa potência e com tecnologia de água pressurizada, para descarbonizar a produção de eletricidade.
No âmbito do plano França 2030, a indústria nuclear recebe pelo menos 1,2 mil milhões de euros de financiamento público para desenvolver uma indústria nuclear soberana e sustentável, de acordo com a empresa de energias renováveis ekWateur.
Por ser um tipo de energia com projetos a longo prazo que requerem investimentos elevados, que acabam por dissuadir os investidores privados, a França e os Estados Unidos querem que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) apoiem os bancos de desenvolvimento no financiamento de projetos de energia nuclear.
Preocupações de segurança
Durante o período de funcionamento das centrais nucleares, os equipamentos são regularmente inspecionados pela EDF e pela Autoridade de Segurança Nuclear para garantir a eficiência e segurança.
Segundo a Comissão das Energias Alternativas e da Energia Atómica francesa (CEA), "as centrais nucleares são concebidas para funcionar durante pelo menos 40 anos", e os atuais reatores foram colocados em funcionamento entre 1977 e 1999.
Um dos objetivos do governo francês passa por prolongar o tempo de vida "máximo" destes equipamentos.
Em fevereiro de 2023, o Presidente francês, Emmanuel Macron, reuniu com a sua comissão de direção da política nuclear, tendo discutido o lançamento de estudos conducentes à preparação do prolongamento da vida das centrais existentes para 60 e mais anos, em condições estritas de segurança, garantidas pela Autoridade de Segurança Nuclear.
O Urânio e a dependência da Rússia
A energia nuclear depende de um combustível fóssil, o urânio, que implica várias fases de preparação, tornando esta uma fonte de energia não renovável.
Em março, a EDF confirmou que não planeia interromper o comércio de urânio com a Rússia, que dispõe atualmente da única instalação capaz de "reciclar" o combustível irradiado.
O contrato prevê o envio do urânio utilizado nas centrais francesas para a central de Seversk, na Sibéria, onde o material é convertido e depois enriquecido para ser reutilizado.
Leia Também: Benfica deixa alerta acerca das restrições na deslocação a Marselha