Influência da China nas Ilhas Salomão é "preocupante", diz oposição
A crescente influência da China nas Ilhas Salomão "é preocupante", observou hoje Daniel Suidani, um dos líderes da oposição, nas vésperas de eleições que poderão reforçar a presença de Pequim no Pacífico.
© Getty Images
Mundo Daniel Suidani
"Nos últimos cinco anos, a China tem estado envolvida numa série de assuntos. Neste momento, é realmente preocupante", disse Suidani, em entrevista à agência de notícias France Presse.
O arquipélago de cerca de 700.000 habitantes tornou-se palco de uma intensa disputa diplomática entre a China e as nações ocidentais.
Sob a liderança do primeiro-ministro Manasseh Sogavare, as Ilhas Salomão romperam relações com Taiwan e reconheceram Pequim como o único governo legítimo de toda a China. Em 2022, assinaram um pacto de segurança com Pequim, cujos termos não foram divulgados.
Desde então, a ajuda e o investimento chineses têm-se multiplicado e Sogavare, de 69 anos, prometeu aprofundar ainda mais as relações se for reeleito nas legislativas de quarta-feira.
Suidani, uma das principais figuras da oposição do arquipélago, teme que a influência de Pequim tenha um impacto negativo sobre a democracia da ilha.
O opositor acusou atores ligados a Pequim de trabalharem nos bastidores para ajudar a manter os representantes eleitos pró-China no parlamento.
"Estão muito, muito envolvidos neste governo", disse por telefone de Auki, a capital da província costeira de Malaita.
"Estão envolvidos noutras coisas, por isso não há dúvida de que têm de estar envolvidos nas eleições. É isso que têm vindo a fazer desde há algum tempo", acrescentou, citado pela AFP.
Sogavare negou repetidamente que a China constitua uma ameaça e advertiu contra qualquer interferência estrangeira nos assuntos soberanos do país.
O governo provincial de Suidani, preocupado com a influência da China, impediu o gigante chinês Huawei de construir infraestruturas na ilha, cruciais para melhorar as telecomunicações.
Daniel Suidani foi abruptamente destituído do cargo de presidente da província de Malaita em fevereiro de 2023 por uma moção de censura aprovada na sua ausência.
Suidani acusou Sogavare de orquestrar esta manobra para silenciar um dos opositores mais ativos.
De acordo com os observadores, o primeiro-ministro cessante está a tornar-se cada vez mais autoritário, na tentativa de se manter no poder.
"Gostaria de dizer à comunidade internacional que precisamos do vosso apoio", disse Suidani.
As Ilhas Salomão são uma das nações menos desenvolvidas do mundo e Sogavare está convencido de que a prosperidade está nos laços com Pequim. Mas os rivais políticos querem restaurar os laços com os anteriores parceiros de segurança, a Austrália e os Estados Unidos.
Os países ocidentais temem a abertura de uma base militar chinesa no território.
À celebração de um pacto de segurança entre a China e as Ilhas Salomão, no ano passado, Washington reagiu com a inauguração de uma embaixada no país, que fica a cerca de 2.000 quilómetros a nordeste da Austrália, e organizou uma cimeira com os líderes da região.
Os EUA também revitalizaram o Diálogo de Segurança Quadrilateral, ou Quad, a parceria entre EUA, Austrália, Japão e Índia, criada em 2007, para impulsionar a cooperação regional após o 'tsunami' que em 2004 devastou partes da região. O objetivo da parceria é agora defender um Indo-Pacífico "aberto, livre e inclusivo", uma referência implícita às incursões da China naquelas águas, cujo controlo foi fundamental, durante a Segunda Guerra Mundial, para manter linhas de abastecimento logístico e projetar força militar.
A possibilidade de a China estabelecer uma base militar no Pacífico Sul é particularmente preocupante para a Austrália, já que transformaria a forma como Camberra vê as configurações de Defesa e segurança, ancoradas na aliança com os EUA.
Esta eleições "serão muito importantes para as Ilhas Salomão", disse Suidani.
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