Investigação a morte de jornalista franco-irlandês confiada a franceses

A investigação por crime de guerra sobre a morte de Pierre Zakrzewski, repórter de imagem franco-irlandês da Fox News, na Ucrânia, foi entregue no início de abril a juízes de instrução do tribunal de Paris, disse hoje fonte judicial.

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© Damien Storan/PA Images via Getty Images

Lusa
17/04/2024 14:32 ‧ 17/04/2024 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Pierre Zakrzewski, de 55 anos, cobria a ofensiva russa na Ucrânia quando foi morto em 14 de março de 2022 em Horenka, a noroeste da capital ucraniana, juntamente com uma produtora ucraniana que o acompanhava, Oleksandra Kuvshynova, de 24 anos, quando o veículo em que seguiam foi alvejado.

Dada a nacionalidade francesa do jornalista, a Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat), entidade competente para investigar este tipo de crimes em França, abriu uma investigação preliminar em março de 2022 por "pôr em perigo intencionalmente a vida de uma pessoa protegida pelo direito internacional" e "atacar deliberadamente um civil que não participa diretamente nas hostilidades".

As investigações em curso, confiadas ao Gabinete Central de Luta contra os Crimes contra a Humanidade, o Genocídio e os Crimes de Guerra (OCLCH, sigla em francês), têm por objetivo identificar os autores dos disparos e determinar as circunstâncias do ataque.

Zakrzewski contava com trinta anos de carreira enquanto jornalista e ex-fotógrafo de guerra e já tinha feito a cobertura dos conflitos no Iraque, Afeganistão e na Síria.

"Pierre utilizava a sua câmara para contar as histórias das pessoas que encontrava com clareza e verdade, mesmo que fosse difícil ou perigoso", declarou a sua mulher, Michelle Ross-Stanton, em comunicado enviado à AFP.

Já a mãe de Pierre Zakrzewski, Marie-Ange Zakrzewska, sublinhou "a sua liberdade de espírito, a sua grande empatia e a sua energia sem limites".

Desde o início da guerra na Ucrânia, com a invasão russa em 24 de fevereiro de 2022, a Pnat abriu um total de dez investigações sobre crimes de guerra alegadamente cometidos contra cidadãos franceses. Três destes inquéritos dizem respeito à morte de jornalistas no exercício da sua profissão.

O inquérito sobre a morte de Pierre Zakrzewski é o primeiro a ser confiado a juízes de instrução.

O jornalista Frédéric Leclerc-Imhoff, de 32 anos, da emissora francesa BFMTV, foi morto por estilhaços em 30 de maio de 2022, quando se encontrava numa missão humanitária perto de Severodonetsk, no leste do país.

Um ano mais tarde, em 09 de maio de 2023, Arman Soldin, de 32 anos, coordenador de vídeo da AFP na Ucrânia, foi morto num ataque com um 'rocket' Grad russo nas proximidades de Chassiv Iar, uma cidade ucraniana perto de Bakhmut, principal palco de batalha entre as forças russas e ucranianas desde o início do conflito.

As outras investigações dizem respeito a atos cometidos contra cidadãos franceses, principalmente nas semanas que se seguiram ao início da guerra, nomeadamente em Mariupol, a sul da Ucrânia, e na região de Kiev e Chernigiv, no norte do país.

"Quando a cooperação judiciária internacional é efetiva no terreno, a capacidade da justiça francesa de agir rapidamente, tendo em conta o contexto de guerra, permite lutar eficazmente contra a impunidade", afirmou à Franceinfo o advogado da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), Emmanuel Daoud.

De acordo com a RSF, onze jornalistas morreram durante a cobertura do conflito na Ucrânia desde fevereiro de 2022.

Leia Também: BBC confirma mais de 50.000 baixas russas mas admite número superior

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