ONG denunciam 118 mortos às mãos da polícia do Quénia
Um total de 118 pessoas foram mortas pela polícia queniana em 2023, afirmaram hoje Organizações Não-Governamentais (ONG) locais e internacionais, que condenaram a "impunidade" das forças de segurança.
© Reuters
Mundo Quénia
O número de pessoas mortas pela polícia diminuiu de 130 em 2022 para 118 em 2023 (-9,2%), afirmaram as ONG num relatório, incluindo a Human Rights Watch, a Amnistia Internacional do Quénia e a associação queniana contra a violência policial Missing Voices.
"Os agentes da polícia raramente são detidos por participarem em execuções extrajudiciais", lamentaram as ONG, criticando a persistente "impunidade".
A porta-voz da polícia, Resila Onyango, não respondeu aos pedidos de informação da agência de notícias France-Presse (AFP).
Quase metade das mortes (58) ocorreu "durante operações de luta contra a criminalidade" e 45 durante "motins", nomeadamente durante as jornadas de mobilização contra o custo de vida elevado e novos impostos organizadas pela oposição entre março e julho de 2023, detalharam as ONG.
Os motins foram, por vezes, acompanhados de violência e de pilhagens e a oposição e as ONG acusaram a polícia de utilizar força excessiva.
Os "desaparecimentos forçados" - pessoas detidas pelas forças da ordem segundo familiares que não têm notícias delas e receiam que possam ter sido mortas - diminuíram 54,5% (10 em 2023 após 22 em 2022), segundo as ONG.
Desde a eleição em 2022, o Presidente do Quénia, William Ruto, declarou repetidamente o desejo de pôr fim à violência e às práticas ilegais da polícia.
"É verdade que perdemos muitos quenianos devido a execuções extrajudiciais" e "assassínios políticos", repetiu no domingo, antes de afirmar que "nunca mais haverá execuções extrajudiciais ou assassínios políticos".
A polícia queniana também foi acusada, no passado, de dirigir esquadrões da morte contra pessoas que investigavam alegadas violações dos direitos humanos por parte dos serviços de segurança, incluindo advogados.
Em outubro de 2022, o chefe de Estado anunciou o desmantelamento da temida Unidade de Serviços Especiais, criada há 20 anos e acusada de desaparecimentos forçados e assassínios. E prometeu também reformar as forças policiais.
Segundo a organização Missing Voices, 1.350 pessoas morreram às mãos da polícia desde que esta começou a recolher dados em 2007.
Em fevereiro de 2023, três polícias foram condenados a penas entre 24 anos de prisão e a pena de morte, depois de terem sido considerados culpados, em julho, de um triplo homicídio com tortura em 2016, incluindo o de um advogado.
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