Os manifestantes pró-palestinianos, que ocuparam um edifício central do Instituto de Estudos Políticos de Paris, mais conhecido como Sciences Po, penduraram cartazes onde se lia "Somos Todos Palestinianos" e gritaram palavras de ordem das janelas do edifício.
Os estudantes votaram ao início da tarde a continuação do seu protesto e por volta das 16h00 locais as tensões aumentaram, com a chegada de cerca de 50 manifestantes pró-Israel, que usavam máscaras e capacetes, gritando "Libertem a Sciences Po" e "Libertem Gaza do Hamas".
A polícia separou os dois grupos, sem incidentes de violência entre os apoiantes de ambos os lados.
Com este bloqueio, os manifestantes pró-Palestina pretendem "uma condenação do genocídio em Gaza e também uma investigação para pôr fim aos acordos com universidades e empresas israelitas que apoiam material ou ideologicamente o genocídio em Gaza", disse Louise, uma estudante que falou à imprensa no local de rosto tapado.
Além disso, a manifestante queixou-se da direção do instituto não ouvir os estudantes.
A Sciences Po, fundada em 1871, é conhecida por ser a universidade onde se formou parte da elite dirigente francesa, tendo como antigos alunos o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro, Gabriel Attal, por exemplo.
A administração da universidade acabou por encerrar na sexta-feira todos os seus edifícios e adotou o regime de aulas 'online'.
Em comunicado, a administração declarou que "condena veementemente estas ações estudantis que impedem o bom funcionamento da instituição e penalizam os estudantes, professores e funcionários da Sciences Po" e adiantou que os administradores estavam a reunir-se com uma delegação de estudantes "para tentar encontrar uma saída para esta situação através do diálogo".
"O debate, sim. O bloqueio, não", reagiu a ministra do Ensino Superior francesa, Sylvie Retailleau.
Esta ação, em "solidariedade (...) para com o povo palestiniano", foi inspirada por manifestações semelhantes em universidades dos Estados Unidos (EUA), segundo Louise.
O protesto pró-palestiniano ocorre dois dias depois de a polícia ter interrompido outra manifestação, de mais de 100 estudantes, no anfiteatro da universidade, no exterior de um dos seus campus em Paris.
Para Louise, foi esta operação policial que exaltou ainda mais os ânimos e reforçou a determinação dos manifestantes, que consideram que o país "não deve ser cúmplice" e deve "deixar de enviar armas para Israel, que é o que a França está a fazer neste momento".
Ao início da tarde, os manifestantes receberam o apoio da jurista franco-palestiniana Rima Hassan, sétima na lista para as eleições europeias de junho pelo partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI, sigla em francês), que afirmou que os manifestantes "carregam a honra da França".
Tanto Rima Hassan como a deputada do LFI Mathilde Panot foram chamadas pela polícia para prestar declarações no âmbito de uma investigação sobre "apologia do terrorismo", na sequência de um comunicado do partido relativo aos ataques do grupo islamita Hamas em Israel, em 07 de outubro, que estiveram na origem da ofensiva militar israelita em Gaza.
Já nos EUA, os estudantes da Universidade de Columbia estão no décimo dia de protestos contra a guerra entre Israel e o Hamas, numa das várias manifestações que estão a agitar os campus universitários da Califórnia ao Connecticut. Centenas de estudantes e até mesmo alguns professores já foram detidos na sequência destes protestos nos Estados Unidos, por vezes em confrontos com a polícia.
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