A manifestação, que reuniu cerca de cinco mil de pessoas, segundo as autoridades locais, percorreu o Passeio do Prado, uma das artérias centrais de Madrid, até às portas do Congresso dos Deputados (parlamento), com os participantes a exibir cartazes com frases como "não te rendas" ou "Sánchez continua".
No sábado, mais de dez mil pessoas manifestaram-se também em Madrid, em frente da sede nacional do Partido Socialista espanhol (PSOE), em apoio ao primeiro-ministro e com pedidos para não se demitir.
A manifestação de hoje foi convocada com o lema "por amor à democracia" e participaram nos protestos ministros e dirigentes do Somar, o partido de esquerda que está, com o PSOE, na coligação que atualmente governa Espanha.
O líder parlamentar do Somar, Iñigo Errejón, disse aos jornalistas que o protesto quis reivindicar "o direito da esquerda a poder governar Espanha" e "a soberania popular", argumentando que a direita e a extrema-direita espanholas não aceitam resultados eleitorais que os afastam do poder e, quando estão na oposição, criam um "ambiente absolutamente irrespirável".
Além desta manifestação, centenas de pessoas ligadas à cultura em Espanha e os líderes das duas grandes centrais sindicais do país reuniram-se hoje num auditório em defesa da "legitimidade democrática, o respeito e a convivência" perante o "ódio, a falta de pudor e a mentira".
Pedro Sánchez revelou na quarta-feira que pondera demitir-se, dia em que um tribunal confirmou a abertura de um "inquérito preliminar" por alegado tráfico de influências e corrupção da sua mulher, Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.
O Ministério Público pediu, no dia seguinte, para o caso ser arquivado por falta de fundamento da queixa.
O líder do PSOE e do Governo espanhol disse que ele próprio e a mulher estão há meses a ser vítimas da "máquina de lodo" da direita e da extrema-direita (Partido Popular e Vox), com ataques pessoais, e que não sabe se vale a pena continuar nos cargos.
Sánchez prometeu uma declaração ao país na segunda-feira para revelar a decisão que tomou.
A Comissão Federal do PSOE, principal órgão do partido entre congressos, reuniu-se no sábado, sem a presença de Sánchez, para manifestar apoio ao primeiro-ministro e para o tentar convencer a permanecer no cargo.
O encontro arrancou com a vice de Sánchez no Governo e no partido, Maria José Montero, a denunciar uma "guerra suja" da direita e extrema-direita contra o primeiro-ministro e a sua família, baseada em campanhas de desinformação que comparou a outras ocorridas no Brasil, Estados Unidos, Argentina e "muitos países europeus".
O Partido Popular (PP) e o Vox acusam Sanchez de estar a vitimizar-se e a fazer "um espetáculo" que envergonha o país internacionalmente, para desviar as atenções de suspeitas de corrupção e para fazer campanha eleitoral em véspera de várias eleições (regionais na Catalunha em 12 de maio e europeias em 09 de junho).
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