"Estamos a fazer figas para que o Presidente Trump ganhe", afirmou o ministro, durante uma palestra hoje organizada pelo centro de estudos britânico Chatham House, em Londres.
Segundo o chefe da diplomacia húngara, "durante o mandato do Presidente Trump, as relações políticas entre os Estados Unidos da América (EUA) e a Hungria estavam no seu melhor momento, e depois disso estão muito fracas".
Sobre esta matéria, Szijjártó queixou-se que a atual administração norte-americana liderada pelo Presidente Joe Biden rescindiu o acordo de dupla tributação com Budapeste, o protocolo de isenção de vistos e financiou partidos opositores, organizações não-governamentais (ONG) e meios de comunicação social conotados com a oposição húngara.
"Esperamos que a relação entre os EUA e a Hungria volte à sua melhor forma e, definitivamente, com o Presidente Trump temos uma boa hipótese de o conseguir", vincou.
O ministro húngaro afirmou ainda acreditar que Trump poderá acabar com a guerra na Ucrânia e restabelecer a paz na Europa.
"Se me perguntarem quem é o próximo (nome) global previsível que traria a esperança de paz à Ucrânia, não posso citar mais ninguém a não ser Donald Trump", disse.
Embora mantenha que "a violação da integridade territorial de outro país é simplesmente inaceitável", Szijjártó reiterou a recusa da Hungria em fornecer armas a Kiev e exortou a um cessar-fogo e a negociações entre as partes.
"O que não nos agrada é a política de sanções. A política de sanções prejudicou muito as economias europeias", salientou, referindo o aumento da inflação e custo da energia nos últimos dois anos.
Ainda nas mesmas declarações, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, que antes foi porta-voz do primeiro-ministro, o ultranacionalista Viktor Orbán, defendeu a cooperação com a Rússia em "domínios em que as sanções permitem a cooperação" e qualificou de "hipocrisia" a compra indireta de bens russos por países da União Europeia (UE) e EUA, como petróleo ou urânio.
"Se olharmos para os bastidores, veremos que aqueles que nos acusam estão a fazer negócios muito maiores com os russos do que nós", denunciou.
Estas declarações de Szijjártó surgem cerca de dois meses antes de a Hungria assumir a presidência rotativa do Conselho do UE, no segundo semestre de 2024.
Como prioridades, Budapeste quer avançar com o alargamento da UE aos Balcãs Ocidentais (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedónia do Norte e Sérvia).
"Só apoiaremos as ambições do Kosovo de aderir a organizações internacionais quando o diálogo Belgrado/Pristina resolver a situação atual", explicou.
O combate à migração ilegal e a melhoria da competitividade da UE são outros dos objetivos traçados.
"Se olharmos para a política económica patriótica da China, se olharmos para a política económica patriótica dos EUA, acreditamos que a Europa também deve fazer algo que ajude as empresas europeias e a economia europeia a melhorar", defendeu.
Ainda sobre o bloco europeu, que a Hungria integrou em maio de 2004, Szijjártó considerou "muito pobre" o desempenho da atual Comissão Europeia, incluindo da presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.
"Por isso, não gostaríamos de ver nenhum destes altos funcionários a continuar nos seus cargos após as eleições" para o Parlamento Europeu, agendadas para junho, sublinhou.
O ministro húngaro falou neste evento da Chatham House antes de se encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping, que vai concluir na Hungria uma visita à Europa, que também passou por França e Sérvia.
"Não vemos a China como uma ameaça", vincou, antecipando a assinatura de uma declaração política comum para aprofundar a cooperação entre os dois países, nomeadamente no setor nuclear, e preparar novos projetos de infraestruturas.
A China é o terceiro maior investidor estrangeiro do mercado húngaro, atrás da Alemanha e dos EUA, porque a Hungria tornou-se "numa espécie de ponto de encontro entre os investidores orientais e ocidentais", frisou o governante.
"O que acontece entre nós e a China é absolutamente vantajoso do ponto de vista do nosso interesse nacional e da nossa economia nacional", concluiu.
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