Washington alerta que lei contestada na Geórgia é incompatível com UE
O Governo dos Estados Unidos sublinhou hoje que a lei sobre "influência estrangeira" na Geórgia é incompatível com as aspirações do país do Cáucaso de aproximação à União Europeia (UE), em oposição com a Rússia.
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Mundo EUA
"Instamos o Governo georgiano a continuar no caminho da integração na União Europeia" e a agir de uma forma que seja compatível, frisou, em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.
O porta-voz da diplomacia norte-americana considerou a lei "incompatível com estes objetivos declarados".
O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidzé, garantiu hoje que o parlamento adotará na terça-feira a lei sobre "influência estrangeira", apesar das manifestações que contestam um diploma que afasta o país da Europa e o aproxima de Moscovo.
"Confrontada com compromissos injustificados e com a perda de soberania, a Geórgia partilhará o destino da Ucrânia. Ninguém fora da Geórgia pode impedir-nos de proteger os nossos interesses nacionais", insistiu, fazendo temer uma guerra como a que existe entre Kiev e Moscovo.
O chefe do Governo disse ainda que a aprovação desta lei abriria a porta a outros textos sobre "imigração descontrolada" ou sobre os direitos das pessoas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), num país que continua a ser conservador.
Cerca de um milhar de manifestantes, na sua maioria jovens, permaneciam à porta do parlamento georgiano ao início da noite de hoje para protestar contra o projeto de lei, que tem sido fortemente criticado pelos Estados Unidos e pela UE, organização a que a Geórgia, uma antiga república soviética, é candidata.
O projeto de lei deu origem a grandes manifestações da oposição, algumas das quais foram reprimidas.
Os manifestantes, que têm vindo a protestar desde o início de abril, apelidaram-na de "lei russa", porque imita a legislação utilizada pelo Kremlin (presidência russa) para suprimir as vozes dissidentes.
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se no domingo e algumas ficaram durante a noite para impedir a entrada dos deputados no parlamento.
Ao amanhecer, a polícia prendeu com violência um grupo de manifestantes, relatou a agência France-Presse (AFP).
As manifestações têm decorrido num clima de tensão, com as autoridades a avisarem que prenderão quem bloquear o parlamento.
A UE, que concedeu à Geórgia o estatuto de candidato oficial em dezembro de 2023, saudou o "impressionante empenho" dos georgianos na integração europeia e instou Tbilissi a investigar os relatos de violência contra os manifestantes.
Se for aprovada, a lei exigirá que qualquer organização não-governamental (ONG) ou órgão de comunicação social que receba mais de 20% do seu financiamento do estrangeiro se registe como uma "organização que persegue os interesses de uma potência estrangeira".
O Governo alega que esta medida pretende obrigar as organizações a serem mais "transparentes" em relação ao seu financiamento.
O projeto de lei já foi aprovado em duas leituras, sendo necessária uma terceira votação.
Espera-se que a Presidente, Salome Zurabishvili, uma pró-europeia que está em conflito aberto com o Governo, vete a lei, mas o partido Sonho Georgiano, no poder, insiste que tem votos suficientes para a anular.
O partido já tinha tentado aprovar esta lei em 2023, mas desistiu devido a manifestações maciças da oposição.
Bidzina Ivanishvili, um empresário milionário considerado o líder sombra da Geórgia, vê as ONG como um inimigo interno ao serviço de potências estrangeiras.
Ivanishvili, primeiro-ministro de 2012 a 2013 e atual presidente honorário do Sonho Georgiano, é suspeito de ter afinidades com a Rússia, país onde fez fortuna.
Leia Também: Governo da Geórgia promete aprovar na terça-feira lei contestada nas ruas
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