China anuncia "medidas disciplinares" contra taiwaneses por "boatos"

O Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo) da China anunciou hoje que vai tomar "medidas disciplinares" contra cinco pessoas na ilha por "divulgarem informações falsas" sobre Pequim.

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© VCG/VCG via Getty Images

Lusa
15/05/2024 10:58 ‧ 15/05/2024 por Lusa

Mundo

China/Taiwan

O porta-voz do Gabinete, Chen Binhua, disse em conferência de imprensa que "certos indivíduos em Taiwan ignoraram as realizações e os progressos da China continental", o que, segundo ele, "induziu em erro alguns cidadãos da ilha, fomentando a hostilidade e prejudicando as relações entre os dois lados do estreito".

O porta-voz respondia a uma pergunta que se referia a declarações de algumas pessoas influentes na ilha que afirmaram que os assentos dos comboios de alta velocidade na China não têm encostos ou que os cidadãos chineses são tão pobres que não se podem dar ao luxo de comprar ovos cozidos mergulhados em chá.

Chen recordou que "qualquer ato de fabricação ou difusão de rumores que perturbe a ordem social e prejudique a honra e os interesses do país enfrentará consequências legais".

O porta-voz afirmou que as autoridades chinesas vão adotar "medidas disciplinares" contra Huang Shicong (também conhecido como Edward Huang), Li Zhenghao (também conhecido como Lee Cheng-hao), Wang Yi-chuan, Yu Beichen (também conhecido como Yu Pei-chen) e Liu Baojie (também conhecido como Liu Pao-jye), bem como contra os seus familiares.

Chen não especificou a natureza das medidas nem a forma como poderiam ser aplicadas, uma vez que a ilha continua a ser autónoma.

Wang Yi-chuan, membro do Partido Democrático Progressista (DPP), no poder em Taiwan, afirmou que "não é o primeiro nem será o último" cidadão taiwanês a ser advertido pelas autoridades de Pequim, a quem exortou a "refletir profundamente" para "não prejudicar a boa vontade nas relações entre os dois lados do Estreito" de Taiwan.

"A tática do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado de rotular e dividir as coisas é uma forma comum de prejudicar as relações entre os dois lados do estreito. Por um lado, falam em acolher o diálogo e, por outro, criticam diretamente a liberdade de expressão do povo taiwanês", afirmou Wang, citado pela agência noticiosa taiwanesa CNA.

O vereador da cidade de Taoyuan e antigo oficial do exército, Yu Pei-chen, disse estar "muito feliz" por receber esta sanção, que confirma que tinha "razão em opor-se ao comunismo e amar Taiwan".

"Entrei para o exército em 1983. Se o Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado quiser realmente castigar-me, será com 41 anos de atraso", ironizou.

Na mesma conferência de imprensa, o Gabinete anunciou também "medidas legais para punir severamente os envolvidos em atividades separatistas e que incitam à divisão do país", referindo-se àqueles que Pequim considera independentistas de Taiwan.

Chen deplorou a "posição intransigente do DPP relativamente à independência", poucos dias antes da tomada de posse do Presidente eleito William Lai, considerado um "agitador" por Pequim e membro do DPP.

Taiwan detectou a presença de 45 aviões militares chineses em torno da ilha nas últimas horas, o número mais elevado desde setembro do ano passado.

Desde as eleições presidenciais de 13 de janeiro, em que Lai  - considerado um "independentista" aos olhos de Pequim  - ganhou com 40% dos votos, a China intensificou a sua pressão sobre a ilha de Taiwan, que considera uma província rebelde para cuja "reunificação" não exclui o recurso à força. 

Leia Também: China anuncia medidas legais contra actividades separatistas em Taiwan

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