"O Governo deseja afirmar" que a família Bongo não está a ser submetida "a qualquer forma de tortura ou maus tratos, como afirmam os seus advogados", afirmou a porta-voz do executivo, Laurence Ndong, na quarta-feira à noite, numa declaração transmitida pelo canal de televisão estatal Gabon 1.
Na terça-feira, os advogados franceses da família Bongo apresentaram uma queixa, em França, denunciando a "detenção ilegal", o "sequestro agravado por atos de tortura" e "atos de barbárie" cometidos contra vários membros da família de Bongo.
Rejeitando as "acusações caluniosas e falsas que prejudicam a imagem do Gabão", a porta-voz do Governo afirmou que a mulher do ex-Presidente, Sylvia Bongo, cidadã franco-gabonesa, e o seu filho, Nourredine Bongo, tinham sido "acusados de crimes extremamente graves".
"Recordamos que o antigo Presidente Ali Bongo Ondimba pode abandonar o país quando lhe aprouver", prosseguiu, afirmando que o Governo se reserva ao direito de intentar ações judiciais em resposta a estas acusações.
Herdeiro da dinastia Bongo, que manteve o poder no Gabão durante quase 55 anos, Ali Bongo foi derrubado por um golpe militar em 30 de agosto de 2023.
Os golpistas, liderados pelo General Brice Oligui Nguema, acusaram o círculo mais próximo de Ali Bongo, principalmente a sua mulher e o seu filho, de terem gerido o país de forma desleal e de terem saqueado o Gabão através de um desvio maciço de fundos públicos.
Ali Bongo foi colocado em prisão domiciliária no dia do golpe, mas foi-lhe dada liberdade para circular uma semana mais tarde.
Os militares parecem tê-lo ilibado rapidamente, considerando que foi "manipulado" pela mulher e pelo filho.
De acordo os advogados franceses da família, Noureddin Bongo foi "torturado várias vezes, espancado com um martelo e um pé de cabra, estrangulado, chicoteado e eletrocutado com um taser".
Já Sylvia Bongo, que foi obrigada a assistir às torturas (...), foi igualmente espancada e estrangulada, "no âmbito de uma espoliação desenfreada dos bens da família", declararam.
Segundo um dos advogados, "os responsáveis por estes atos terão de responder perante a justiça francesa", e os autores "são passíveis de uma pena de prisão penal que pode ir até à prisão perpétua".
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