Hamas acusa tribunal de Haia de "equiparar a vítima ao carrasco"
O Hamas acusou hoje o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, de "equiparar a vítima ao carrasco" por ter solicitado mandados de captura contra dirigentes de Israel e do grupo extremista palestiniano.
© Pierre Crom/Getty Images
Mundo Médio Oriente
Khan anunciou hoje o pedido de emissão de mandados contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e contra os chefes do Hamas Yahya Sinwar, Mohammed Al-Masri e Ismail Haniyeh.
Os visados são suspeitos de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, segundo o TPI, instância judicial com sede em Haia (Países Baixos).
O Hamas denunciou as tentativas do TPI de "equiparar a vítima ao carrasco ao emitir mandados de captura para um certo número de líderes da resistência palestiniana", segundo um comunicado citado pela agência francesa AFP.
O grupo, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, considerou que o TPI visou os dirigentes palestinianos "sem base legal e em violação das convenções e resoluções internacionais".
Tais convenções "dão ao povo palestiniano e a todos os povos do mundo sob ocupação o direito de resistir à ocupação por todos os meios, incluindo a resistência armada", referiu.
O Hamas considerou que os mandados contra Netanyahu e Gallant chegam "com sete meses de atraso", numa referência à ofensiva israelita em curso contra Gaza, em resposta ao ataque de 07 de outubro.
Desde então, "a ocupação israelita cometeu milhares de crimes contra civis palestinianos, incluindo crianças, mulheres, médicos e jornalistas, destruindo propriedade privada e pública, mesquitas, igrejas e hospitais", afirmou.
O Hamas também criticou que o pedido do procurador do TPI diga respeito "apenas a dois criminosos de guerra da entidade sionista", segundo a agência espanhola Europa Press.
Khan deveria ter apresentado o pedido contra "todos os funcionários de topo da ocupação [Israel] que deram as ordens" para a ofensiva contra Gaza, defendeu o Hamas.
Os mandados deveriam visar igualmente "os soldados que participaram na prática de crimes" e "todos aqueles que ordenaram, instigaram, cometeram, apoiaram ou não tomaram medidas para evitar estes crimes", segundo o grupo palestiniano.
"O Hamas apela ao procurador do TPI para que emita mandados de captura para a prisão e detenção de todos os criminosos de guerra", disse o grupo.
O Hamas pediu ainda o cancelamento dos mandados "contra os líderes da resistência palestiniana".
Acredita-se que Sinwar e Al-Masri, também conhecido por Deif, estejam escondidos em Gaza, mas Haniyeh, o líder supremo do Hamas, está baseado no Qatar e viaja frequentemente pela região.
No caso de Netanyahu e Gallant, Khan considerou-os alegadamente responsáveis por matar civis à fome como método de guerra, causar intencionalmente grandes sofrimentos ou ferimentos graves, tratamento cruel, assassinar intencionalmente e extermínio, entre outros crimes.
Os mandados contra os dirigentes palestinianos decorrem dos atentados de 07 de outubro em território israelita, que causaram cerca de 1.200 mortos e 245 sequestrados, e das ações do grupo islamita em Gaza desde então.
O TPI disse que os suspeitos "planearam e instigaram a prática de crimes em 07 de outubro e, através das suas ações, incluindo visitas pessoais aos reféns após os raptos, reconheceram a sua responsabilidade por esses crimes".
Os três são suspeitos, entre outros crimes, de extermínio, homicídio, tomada de reféns, violação e outros atos de violência sexual, tratamento cruel, ultrajes à dignidade pessoal e outros atos desumanos, no contexto de cativeiro.
A ofensiva israelita em Gaza causou mais de 35.500 mortos, segundo o Hamas.
As autoridades palestinianas afirmam também que cerca de 490 pessoas foram mortas pelas forças israelitas e em ataques de colonos na Cisjordânia desde 07 de outubro.
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