"Estamos a proteger os civis em Rafah para que não se tornem escudos humanos do Hamas e estamos a encorajá-los a retirarem-se temporariamente para áreas humanitárias, para que fiquem fora de perigo", disse o contra-almirante Daniel Hagari, num comunicado.

Pelo menos 800 mil pessoas chegaram entretanto à zona costeira de al-Mawasi, identificada como "zona humanitária" pelo exército israelita, que já estava sobrelotada com pessoas deslocadas de outras partes do enclave palestiniano e onde não há água potável nem eletricidade, afirmou hoje a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) num comunicado.

"As pessoas não têm outra escolha senão confiar nas chamadas 'zonas humanitárias seguras' designadas pelas forças que mataram as suas famílias e destruíram as suas casas", disse Suze van Meegen, chefe de operações do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).

Van Meegen lamentou ainda que pelo menos 50 camiões permaneçam retidos na fronteira egípcia após o encerramento da passagem de Rafah, deixando os habitantes de Gaza impossibilitados de receber tendas, medicamentos, pensos higiénicos e outros bens de primeira necessidade, de que "estão a ser privados", bem como o combustível necessário para o funcionamento dos hospitais.

"O Hamas tem mantido os nossos reféns em cativeiro em Rafah, razão pela qual as nossas forças estão a manobrar nesta zona. Temos de continuar a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer todos os nossos reféns para casa e garantir uma derrota duradoura do Hamas", afirmou ainda o contra-almirante Daniel Hagari.

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, reiterou hoje que já estão a expandir as suas forças na cidade de Rafah, que faz fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, e que vão continuar a fazê-lo para "desferir um golpe no Hamas", a fim de criar as condições para salvar os reféns.

"Esta operação vai continuar e vai aumentar: mais forças em terra, mais forças aéreas, e vamos atingir os nossos objetivos", disse Gallant a bordo de um barco de patrulha ao largo da costa de Gaza, onde tem estado a avaliar a situação.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária na Faixa de Gaza.

Apesar dos apelos internacionais, Israel mantém a ação militar em Rafah, onde diz que estão as últimas unidades ativas do grupo extremista palestiniano Hamas.

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