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Visita de Macron à Alemanha carrega simbolismo em véspera de eleições

O Presidente francês, Emmanuel Macron, começa este domingo uma visita de estado de três dias à Alemanha com "muito simbolismo" e "sinais políticos" que pretendem reforçar a imagem da boa relação entre os dois países, aponta o analista Jacob Ross.

Visita de Macron à Alemanha carrega simbolismo em véspera de eleições
Notícias ao Minuto

13:47 - 24/05/24 por Lusa

Mundo Emmanuel Macron

A poucos dias das eleições europeias, marcadas para 09 de junho, Macron viaja até à Alemanha a convite do presidente Frank-Walter Steinmeier, naquela que será a primeira visita de estado de um Presidente francês ao país em 24 anos.

"A parte simbólica é importante porque há vários anos que um presidente francês não realizava uma visita de estado à Alemanha, mas será a tarde de terça-feira que terá um maior peso político porque serão discutidos temas como a integração europeia, segurança, entrega de armamento à Ucrânia, entre outros", revelou à Lusa Jacob Ross, especialista em política franco-alemã do Conselho Alemão das Relações Externas (DGAP).

A presidência alemã revelou que Macron e Steinmeier vão deslocar-se juntos a várias regiões da Alemanha, "pondo assim em evidência a relação única entre os dois países". Na tarde de terça-feira, último dia da visita, o presidente francês estará com o chanceler Olaf Scholz, em Berlim.

"É provavelmente bem visto por Macron que esta visita seja tão próxima das eleições europeias. Terá a oportunidade de fazer dois grandes discursos, um em Dresden e outro em Münster, e seguramente aproveitará a oportunidade para enviar alguns sinais relativamente às eleições porque as coisas não estão propriamente bem para o seu partido nas sondagens. Ele precisa de um momento mais 'dinâmico', por assim dizer, antes das votações", adiantou Jacob Ross.

Ainda assim, o analista aponta a dificuldade que Macron terá para fazer a ponte entre as relações bilaterais com a Alemanha e os problemas que preocupam os franceses e os levam a votar nestas eleições europeias.

"Os temas mais importantes para os franceses nestas eleições são o sistema de saúde, poder de compra, isto é, o peso da inflação, as pessoas continuam a sentir que os preços sobem, mas os salários não acompanham. Estas questões são muito difíceis de elencar com relações bilaterais com a Alemanha ou mais integração europeia. Macron tenta, mas não tem tido muito êxito até agora", sublinhou.

Jacob Ross recorda que a extrema-direita em França tem tido "muito sucesso" em "transformar estas eleições numa espécie de referendo pró ou contra Macron", o que também não facilita.

A visita de Estado de Emmanuel Macron à Alemanha começa no dia 26 e termina a 28 de maio.

Depois de passar o primeiro dia da visita em Berlim, onde marcará presença nas celebrações do 75º aniversário da Lei Fundamental e o 35º aniversário da revolução pacífica, Macron viajará, a 27 e 28, a Münster e a Dresden, cidade no leste da Alemanha.

"É também um sinal de que a União Europeia (UE) se está a virar mais para Leste. A guerra na Ucrânia criou a sensação de que os vizinhos a leste da UE e os estados-membros da Europa de Leste estão a ganhar mais peso em termos políticos e da atenção que recebem", sustentou Jacob Ross.

Nestas visitas, a tónica será colocada "nos desafios comuns para os quais a França e a Alemanha podem encontrar respostas europeias partilhadas", pode ler-se na página da presidência, acrescentando que em "todas as paragens", os dois presidentes "celebrarão a integração europeia".

No encontro com Scholz, no final da visita, o apoio à Ucrânia deverá estar em cima da mesa.

"Tem vindo a ser discutido desde o início do ano, a necessidade da entrega de mais munições, mais armas (...) o envio de tropas aliadas para o terreno (...) Outro aspeto que tem sido muito defendido por Macron, mas não apenas por ele, é a criação deste plano de dívida comum para financiar a ajuda à Ucrânia (...). Não estou certo de que a Alemanha concorde com isso, tem havido muita hesitação, especialmente por parte dos liberais que integram a coligação do governo, mas veremos", destacou o especialista em política franco-alemã do DGAP.

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