"Os nossos soldados estão a defender-se da ofensiva russa e é por isso que temos de intensificar o nosso trabalho conjunto com os nossos parceiros para conseguir mais: segurança e coerção tangível da Rússia para a paz por todos os meios necessários", declarou Volodymyr Zelensky numa conferência de imprensa em Madrid, ao lado do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
A Ucrânia, que se encontra em dificuldades em muitos setores das frentes de combate oriental e nordeste, exige poder atacar posições russas e bases de retaguarda em território russo com armas ocidentais, uma reivindicação que os norte-americanos e europeus têm recusado até agora, com receio de uma escalada do conflito, e que tem dado uma clara vantagem às forças do Kremlin (presidência russa).
Kiev também quer que os seus aliados lhe forneçam mais sistemas de defesa aérea para fazer face aos bombardeamentos russos, argumentando que atualmente dispõe apenas de um quarto dos recursos de que necessita.
Na capital espanhola, Zelensky sublinhou que a Rússia lança mensalmente mais de 3.000 bombas aéreas guiadas sobre o seu país, nomeadamente a partir do seu território, e que se a Ucrânia dispusesse de mais equipamento antiaéreo, nomeadamente os 'Patriots' norte-americanos, a Força Aérea russa deixaria de conseguir aproximar-se e lançar tantas bombas.
"Estas bombas são utilizadas pela Rússia a partir dos seus aviões e, se tivermos sistemas modernos, sistemas 'Patriot', estes aviões não poderão voar tão perto para utilizar estas bombas contra civis e militares", defendeu.
"Estamos a pedir ao mundo que nos ajude fornecendo pelo menos sete sistemas 'Patriot' adicionais. Precisamos de pelo menos dois sistemas para Kharkiv", acrescentou Zelensky.
Kharkiv é a segunda maior cidade do país, a cerca de 40 quilómetros da fronteira russa, e tem sido bombardeada por ataques russos nos últimos meses.
Segundo Zelensky, "existem sistemas 'Patriot' em número suficiente no mundo", mas os países que os possuem estão muitas vezes relutantes em entregá-los por "receio" de que Kiev os utilize para intercetar alvos dentro da Rússia.
"Temos de trabalhar em conjunto e exercer pressão não só sobre a Rússia, mas também sobre os nossos parceiros, para que nos deem a possibilidade de nos defendermos da Rússia", insistiu o chefe de Estado ucraniano.
Alvo de uma nova ofensiva russa desde 10 de maio, a região de Kharkiv e a sua capital homónima foram sujeitas a múltiplos bombardeamentos, que destruíram, nomeadamente, parte das infraestruturas energéticas.
Após a visita a Espanha, Zelensky desloca-se na terça-feira a Portugal, onde terá encontros com o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, e com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje a Presidência da República Portuguesa.
"A convite do Presidente da República e do primeiro-ministro, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deslocar-se-á a Portugal amanhã [terça-feira], 28 de maio", lê-se numa nota publicada no 'site' oficial da Presidência da República.
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