Reconhecer Estado da Palestina? "Não é uma decisão contra ninguém"
As palavras são do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, numa declaração institucional feita na manhã desta terça-feira, sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, que será hoje formalizado por Espanha.
© OSCAR DEL POZO/AFP via Getty Images
Mundo Pedro Sánchez
O primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, fez uma declaração institucional, na manhã desta terça-feira, sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, passo que será formalizado no Conselho de Ministros.
"Na reunião de hoje do Conselho de Ministros, o Governo espanhol vai aprovar o reconhecimento do Estado da Palestina. A Espanha juntar-se-á assim aos mais de 140 países do mundo que já reconhecem a Palestina como um Estado. Trata-se de uma decisão histórica com um único objetivo: Ajudar os israelitas e os palestinianos a alcançar a paz", começou por dizer, na declaração transmitida a partir do Palácio da Moncloa, a sede do Governo de Espanha, citada pelo El País.
Sánchez esclareceu que não cabe a Espanha definir as fronteiras de outros Estados, pelo que o reconhecimento da Palestina que hoje fará o Conselho de Ministros tem como base as resoluções das Nações Unidas e os limites fixados em 1967, só reconhecendo alterações se forem acordadas entre as partes.
"Não é uma decisão que tomamos contra ninguém", acrescentou, garantindo que "não se trata apenas de uma questão de justiça histórica", mas também da "única solução" para alcançar a paz.
O primeiro-ministro afirmou ainda que o Estado palestiniano deve ser "viável" com a Cisjordânia e Gaza ligadas por um corredor e Jerusalém Oriental como capital - ambos os territórios unificados sob o governo "legítimo" da Autoridade Nacional Palestiniana.
Segundo Sánchez, o reconhecimento do Estado da Palestina reflete "a rejeição frontal e categórica" do Hamas por parte de Espanha. "Esta decisão reflete a nossa rejeição frontal e retumbante do Hamas, que é contra a solução de dois Estados. A Espanha, como sabem, condenou desde o primeiro momento e com total força os ataques terroristas de 7 de outubro e essa condenação é o nosso compromisso absoluto na nossa luta contra o terrorismo", acrescentou.
O primeiro-ministro espanhol adiantou também que "a partir de amanhã" serão feitos "todos os esforços" para "tornar a solução de dois Estados uma realidade".
El Gobierno de España aprueba hoy el reconocimiento oficial del Estado de Palestina.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) May 28, 2024
España se suma así a los más de 140 países que ya reconocen a Palestina.
Se trata de una decisión histórica que tiene un único objetivo: contribuir a que israelíes y palestinos alcancen la paz.… pic.twitter.com/sjG1gXyXN6
De recordar que o Governo de Espanha vai reconhecer formalmente a Palestina como Estado esta terça-feira e prevê-se que a Irlanda e a Noruega façam o mesmo a partir também a parte de hoje, como anunciaram os três países na semana passada.
"Por justiça, por coerência e pela paz, Espanha reconhecerá a existência do Estado palestiniano no próximo dia 28 de maio", destacou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, numa declaração no parlamento nacional na quarta-feira passada em que confirmou que este passo será dado através de uma resolução aprovada pelo Conselho de Ministros.
Os primeiros-ministros da Noruega, Jonas Gahr Store, e da Irlanda, Simon Harris, referiram também nessa mesma quarta-feira que Oslo e Dublin iriam reconhecer formalmente a Palestina no dia 28 de maio.
Eslovénia e Malta disseram que ponderam dar este passo em breve e somar-se a Espanha, Irlanda e Noruega.
Mais de 140 países reconhecem já a Palestina como Estado, alguns deles, membros da União Europeia (UE), como Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia, que deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu.
A Suécia fez o mesmo em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.
Noruega (que não faz parte da UE), Espanha e Irlanda vão juntar-se a estes países num momento em que Israel tem em curso, desde outubro, uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
O conflito foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.
[Notícia atualizada às 08h00]
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