Europeias. Partido de Macron sem descolar de segundo lugar nas sondagens

O partido do Presidente francês tenta garantir o segundo lugar nas eleições europeias e reduzir a desvantagem em relação ao partido de extrema-direita, líder destacado em todas as sondagens há vários meses.

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© YOAN VALAT/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
05/06/2024 12:46 ‧ 05/06/2024 por Lusa

Mundo

Eleições europeias

Na semana do escrutínio europeu, uma sondagem do Instituto Ipsos, Cevipof, Fundação Jean Jaurès, Instituto Montaigne e do jornal Le Monde indica que o partido de extrema-direita francês União Nacional (RN), liderado por Jordan Bardella, continua a ser o favorito dos franceses com 33% das intenções de voto, bem à frente dos restantes partidos.

Em segundo lugar, o partido Renascimento, de Emmanuel Macron, liderado por Valérie Hayer, com 16%, tenta não perder votos para a plataforma europeísta de esquerda de Raphaël Glucksmann, que junta o Partido Socialista e o Place Publique, que regista 14,5% das intenções de voto.

"Podemos ver o Partido Socialista em França a dar grandes passos na esteira do Renascimento", disse o analista Boyd Wagner, do Euronews Polls Centre, em declarações à Euronews, considerando que este cenário é "uma grande preocupação para Emmanuel Macron e para o seu grupo", já que estas eleições são consideradas uma antecipação para as presidenciais de 2027.

Para o politólogo Mathieu Gallard, citado pela AFP, Valérie Hayer "não está a conseguir descolar nas sondagens, até porque está associada a Emmanuel Macron e ao governo, que são claramente impopulares neste momento".

O Presidente francês e o primeiro-ministro Gabriel Attal têm tentado trazer destaque para o partido, ofuscando a candidata principal nos seus discursos, o que tem gerado críticas por parte da oposição e não tem sido promissor devido à insatisfação dos franceses com a atual situação do país.

Com metas de défice por cumprir, incidentes violentos em França e no território ultramarino da Nova Caledónia, os franceses consideram que o poder de compra, a segurança e a imigração podem determinar o voto, temas que dominaram a campanha do RN.

"Não quero que a União Europeia continue a comportar-se como uma anfitriã de migrantes", declarou Jordan Bardella na terça-feira durante o debate com os restantes candidatos no canal France 2, em que denunciou a "imigração massiva e descontrolada" e defendeu uma proposta de "fronteira dupla".

Para vários analistas, a volatilidade eleitoral e abstenção, que poderá ser mais elevada do que nas anteriores eleições, podem beneficiar o partido RN e os socialistas.

Segundo um artigo no diário Le Monde de Pascal Perrineau, professor universitário da CEVIPOF-Sciences Po, apesar da tendência europeia, são os jovens que se abstêm em massa, o que pode ser explicado pelo afastamento do tema da Europa, a complexidade da sua organização política e as tentações eurocéticas.

Gilles Finchelstein, secretário-geral da Fundação Jean Jaurès, é mais otimista e, em declarações ao Le Monde, considera que "a participação, atualmente estimada em 47%, pode ultrapassar a barreira simbólica dos 50%", com a participação por parte de quem afirma não querer votar, o foco neste momento do partido de Macron.

Nas listas eleitorais francesas estão inscritas 49,5 milhões de pessoas para votar nas eleições europeias de 06 a 09 de junho, mais 2,2 milhões do que nas eleições europeias de 2019, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Económicos.

Na mesma sondagem, a França Insubmissa de Manon Aubry regista 8% das intenções de voto, sendo seguida pelos Republicanos (7%), os Ecologistas (6%) e pela Reconquista! (5%). As restantes listas podem não ter lugar no Parlamento Europeu, já que o escrutínio é proporcional e, no caso da França, é necessário 5% de votos para eleger deputados.

A França elegerá 81 eurodeputados dos 720 eleitos por todos os países da União Europeia. 

Estas eleições europeias estão também a ser marcadas pelas tentativas de ingerência russa, com ciberataques de desinformação russa em vários países europeus, incluindo na França.

Leia Também: França e Reino Unido apoiam "proposta para trégua" na Faixa de Gaza

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