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RDCongo. Julgamento da alegada tentativa de golpe continua dia 14

O julgamento da alegada tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo, em 19 de maio, iniciado hoje, prossegue dia 14, tendo o presidente do tribunal advertido que os crimes em questão "são puníveis com pena de morte".

RDCongo. Julgamento da alegada tentativa de golpe continua dia 14
Notícias ao Minuto

19:31 - 07/06/24 por Lusa

Mundo Golpe de Estado

Os atos do crime em questão "são puníveis com pena de morte", declarou o presidente do tribunal militar de Kinshasa-Gombe, no início da audiência, aos três homens de nacionalidade norte-americana, que, de pé e assistidos por um intérprete, responderam às perguntas sobre a sua identificação.

Marcel Malanga, de 21 anos, Taylor Christian Thomson, de 21 anos, e Benjamin Reuben Zalman-Polun, de 36 anos, encontram-se entre a meia centena de alegados envolvidos que estão a ser julgados em Kinshasa.

Os arguidos foram informados das acusações que lhes eram imputadas, mas não lhes foi dada a oportunidade de apresentar a sua defesa.

O primeiro dia do julgamento contou com a presença de diplomatas ocidentais e de muitos jornalistas.

A esta primeira audiência seguir-se-á a identificação de todos os outros arguidos, incluindo três outros estrangeiros: um belga, um canadiano e um britânico, todos naturalizados congoleses.

Na noite de 19 de maio, no bairro nobre de Gombe, em Kinshasa, dezenas de homens armados atacaram a casa de um ministro, Vital Kamerhe, que entretanto se tornou Presidente da Assembleia Nacional, e dois polícias, que guardavam a sua casa, foram mortos.

Os assaltantes atacaram depois o Palácio da Nação, um edifício histórico que alberga os escritórios do Presidente, Félix Tshisekedi.

Filmaram-se a agitar a bandeira do Zaire, o antigo nome da RDCongo no tempo de Mobutu, o ditador derrubado em 1997, e pediram a saída do atual chefe de Estado, no poder desde 2019 e reeleito em dezembro de 2023.

A intervenção das forças de segurança que, segundo o exército, prenderam cerca de 40 assaltantes e mataram outros quatro, incluindo o seu líder, Christian Malanga, de 41 anos, um congolês residente nos Estados Unidos, terminou com o ataque.

O porta-voz do exército falou rapidamente de uma "tentativa de golpe de Estado cortada pela raiz", com o Governo a referir-se, um pouco mais tarde, a uma "tentativa de desestabilização das instituições".

Os apoiantes de Vital Kamerhe acreditam que se tratou de uma tentativa de assassinato.

A "opacidade que envolveu o interrogatório" dos presumíveis golpistas foi criticada por alguns ativistas dos direitos humanos.

De acordo com a lista que figura no "extrato da ata" da audiência de hoje, estão a ser julgados 53 arguidos, entre os quais Christian Malanga, apesar de já ter morrido.

As acusações são de "atentado, terrorismo, posse ilegal de armas e munições de guerra, tentativa de homicídio, associação criminosa, homicídio, financiamento do terrorismo", segundo o mesmo documento.

Uma outra investigação está a ser conduzida sobre as execuções sumárias que alegadamente tiveram lugar após a operação, quando soldados foram filmados a disparar contra dois alegados golpistas desarmados, um dos quais tinha saltado para o rio Congo numa tentativa de fuga.

Em março, o Governo congolês levantou a moratória sobre a execução da pena de morte que estava em vigor no país desde 2003.

Na altura, explicou que esta medida visava em particular os militares acusados de traição, numa altura em que o leste do país se encontra sob o domínio de uma rebelião armada apoiada pelo Ruanda.

Leia Também: Começou julgamento de envolvidos em tentativa de golpe de Estado no Congo

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