Bielorrússia? Governante polaco diz que "é assim que guerras começaram"

O vice-ministro da Defesa da Polónia, Pawel Zalewski, alertou hoje para os últimos incidentes registados na fronteira com a Bielorrússia afirmando que "é assim que guerras começaram".

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Lusa
07/06/2024 20:10 ‧ 07/06/2024 por Lusa

Mundo

Pawel Zalewski

Varsóvia, 07 jun 2024 (Lusa) -- O vice-ministro da Defesa da Polónia, Pawel Zalewski, alertou hoje para os últimos incidentes registados na fronteira com a Bielorrússia afirmando que "é assim que guerras começaram".

O governante aludia ao aumento da tensão na fronteira com a Bielorrússia, no leste da Polónia, onde guardas fronteiriços polacos têm sido atacados por migrantes ilegais, e também acusados de efetuarem disparos contra estas pessoas provenientes de países asiáticos e africanos e que Varsóvia acusa de serem instigadas pelas autoridades de Minsk e de Moscovo a viajar para o espaço da União Europeia (UE).

"Estes tiros foram disparados não só contra estes migrantes ilegais, mas também depois de terem atravessado para o outro lado, para o lado bielorrusso. Agora vamos imaginar que uma bala atingiu alguém. Por exemplo, um bielorrusso", disse o vice-ministro Zalewski, destacando a necessidade de agir com persistência.

Zalewski avisou que, naquele cenário hipotético, a Bielorrússia seria a mais afetada "sem fazer mais" do que provocar a Polónia para que tal incidente pudesse ocorrer, segundo informações recolhidas pela agência de notícias polaca PAP.

Além disso, o vice-ministro reconheceu a complexidade da situação, uma vez que os guardas e soldados polacos encarregados de proteger a fronteira "estão treinados para operações militares" em que "a lógica é eliminar o inimigo", mas que esta não deveria ser a forma de proceder na atual missão fronteiriça.

O Presidente da Polónia convocou para segunda-feira o Conselho de Segurança Nacional devido ao agravamento da situação na fronteira com a Bielorrússia e depois de saber que três soldados foram detidos por dispararem contra migrantes que tentavam fazer a travessia.

Esta semana foi anunciado que a Polícia Militar prendeu há alguns meses três soldados que dispararam contra um grupo de migrantes na zona fronteiriça perto da cidade polaca de Dubicze Cerkiewne e notícia das detenções provocou grande indignação no país.

Inicialmente, segundo as primeiras investigações, os militares dispararam para o ar, mas a acusação do Ministério Público sustenta que também dispararam contra as pernas quando viram que as hostilidades continuavam.

Na quinta-feira, foi anunciada a morte de um guarda de fronteira polaco que tinha sido esfaqueado no início da semana passada por um migrante na mesma fronteira.

Desde 2021, a Polónia e os estados bálticos acusam a Bielorrússia de usar a migração como forma de pressão em retaliação às sanções que a UE declarou após as eleições em que o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, revalidou o seu mandato pela quinta vez sob acusações de fraude e manipulação.

A situação na fronteira leste da União Europeia está cada vez mais tensa, sob a pressão de milhares de pessoas do Médio Oriente e países asiáticos e africanos, que tentam forçar a passagem através de uma longa barreira metálica e em betão de 186 quilómetros que a Polónia ergueu em 2022 para selar a fronteira com a Bielorrússia.

Os números mais recentes da Guarda de Fronteira Polaca indicam cerca de 17 mil tentativas de travessia ilegal da fronteira este ano.

Organizações polacas de auxílio aos migrantes criticam, por outro lado, a repressão usada pelas autoridades de Varsóvia e a desproporção do muro face ao número de tentativas de entradas.

Além disso, referem que os migrantes são vítimas das políticas do Kremlin e dos seus aliados em Minsk e que, uma vez barrados na fronteira com a Polónia, são impedidos pelas forças bielorrussas de voltar para trás, permanecendo ao abandono numa região de floresta densa e gelada no inverno, o que os leva a tentar cruzar o muro de forma repetida e outras vezes à morte.

Segundo as autoridades polacas, cerca de 90% dos migrantes na fronteira da Polónia têm vistos russos, o que aponta para o papel de Moscovo.

A pressão intensificou-se na primavera, antes das eleições para o Parlamento Europeu, no próximo domingo.

A fronteira é patrulhada por cerca de 6.000 soldados do exército polaco, cerca de 2.200 guardas de fronteira e algumas centenas de polícias e, segundo testemunhos de habitantes, a região parece um "teatro de guerra".

Após o ataque, o Governo prometeu reforçar ainda mais a segurança na fronteira e nas áreas das zonas tampão, onde apenas os guardas podem circular para facilitar a sua tarefa.

A Polónia, cuja fronteira a leste é partilhada com Bielorrússia, Ucrânia e Lituânia, apoia Kyiv na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, quando invadiu o país vizinho.

Leia Também: Bielorrússia promete investigar morte de militar polaco na fronteira

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