"Estamos extremamente preocupados com a recente detenção, pelas autoridades Huthis, de 17 membros das nossas organizações e de muitos outros associados a organizações da sociedade civil, ONG nacionais e internacionais e outras organizações que apoiam atividades humanitárias", disseram os líderes num comunicado conjunto, instando à "libertação imediata e incondicional" de todos os trabalhadores detidos no Iémen.
Alertando para o caráter sem precedentes - "não só no Iémen, mas a nível mundial" - das detenções, os signatários frisaram que as mesmas impedem diretamente a sua capacidade de chegar aos mais vulneráveis no Iémen, incluindo os 18,2 milhões de pessoas que necessitam de ajuda humanitária e proteção.
"Pedimos às autoridades de facto que confirmem o paradeiro exato dos detidos e as condições em que se encontram, bem como o acesso imediato aos mesmos", pediram, recordando que o direito internacional proíbe a privação arbitrária de liberdade.
Além disso, o direito humanitário internacional exige que todas as partes num conflito armado respeitem e protejam o pessoal humanitário, nomeadamente contra assédio, maus-tratos e prisão ou detenção ilegal, insistiram.
"Os ataques aos trabalhadores humanitários, de direitos humanos e de desenvolvimento no Iémen devem parar. Todos os detidos devem ser imediatamente libertados", concluíram.
O comunicado foi assinado pelo administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Achim Steiner, pela diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, pela diretora executiva do Fundo Internacional de Emergência para a Infância (UNICEF), Catherine Russell, pela diretora executiva do Programa Alimentar Mundial (PAM), Cindy McCain, pelo diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, e pelo alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Volker Türk.
Do lado das ONG, constam o diretor executivo interino da Oxfam International, Amitabh Behar, a diretora executiva da Save the Children International, Inger Ashing, e a presidente da CARE, Michelle Nunn.
Os Huthis justificaram as detenções da semana passada alegando terem desmantelado uma "rede de espionagem americano-israelita", alegações que a ONU nega.
As detenções ocorrem quando os Huthis, que tomaram a capital do Iémen há quase uma década e têm lutado contra uma coligação militar liderada pelos sauditas, têm como alvo o transporte marítimo ao longo do corredor do Mar Vermelho, em solidariedade ao grupo Hamas na Faixa de Gaza.
O grupo rebelde iemenita tem reprimido a dissidência em todo o país, incluindo com a recente condenação de 45 pessoas à morte.
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