Papa Francisco apela à proibição de "armas autónomas letais" no G7

O Papa Francisco advertiu hoje contra a utilização militar da inteligência artificial (IA), apelando à proibição das "armas autónomas letais", num discurso na cimeira do grupo das democracias mais ricas do mundo (G7), que decorre no sul de Itália.

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© Vatican Media via Vatican Pool/Getty Images

Lusa
14/06/2024 15:33 ‧ 14/06/2024 por Lusa

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Papa Francisco

Dirigindo-se aos chefes de Estado e de Governo reunidos em Puglia, o líder da igreja católica defendeu que numa tragédia como um conflito armado é urgente repensar o desenvolvimento e a utilização de dispositivos como as "armas letais autónomas", de forma a proibir a sua utilização".

"Nenhuma máquina deveria escolher tirar a vida a um ser humano", argumentou o Papa, de 87 anos, que tem sido um feroz opositor do comércio de armas.

Um apelo para regulamentar as armas letais autónomas, também conhecidas como "robôs assassinos", foi lançado em Viena, no final de abril no encerramento de uma conferência internacional e na qual vários países, desde os Estados à Rússia, se manifestaram contra um texto vinculativo.

Descrevendo a inteligência artificial como uma ferramenta "extremamente poderosa", "fascinante e formidável", o religioso recordou, no seu discurso de vinte minutos, os riscos associados ao seu uso, como o de "conduzir a uma maior injustiça entre países ricos e países em desenvolvimento, entre classes sociais dominantes e classes sociais oprimidas".

"O advento da inteligência artificial representa uma verdadeira revolução cognitiva-industrial que contribuirá para a criação de um novo sistema social caracterizado por transformações históricas complexas", sublinhou.

A participação de Francisco numa reunião do G7, a primeira de um Papa, revela o interesse crescente do Vaticano por esta ferramenta.

Os especialistas estimam que os sistemas de armamento autónomos, regidos por algoritmos de IA, serão a terceira grande revolução no equipamento militar, depois da invenção da pólvora e da bomba atómica, segundo a agência noticiosa AFP.

Um apelo para regulamentar as armas letais autónomas, também conhecidas como "robôs assassinos", foi lançado no final de abril, em Viena, no encerramento da conferência internacional sobre o tema. Na iniciativa foi sublinhada a "urgência" de esforços diplomáticos, enquanto vários países, da Rússia aos Estados Unidos, se manifestaram contra um texto vinculativo.

No final do ano passado, Francisco convidou a comunidade internacional a adotar um tratado que regule a sua utilização face aos "graves riscos" associados às novas tecnologias, como as "campanhas de desinformação" ou a "interferência nos processos eleitorais", à semelhança do regulamento adotado pela União Europeia, o primeiro no mundo.

Em 2020, tinha sido lançado o Apelo de Roma para a Ética da IA, assinado pela Microsoft, IBM, ONU, Itália e uma miríade de universidades, apelando à transparência e ao respeito pela privacidade.

A Itália, país anfitrião do G7, quis fazer da IA um tema central da cimeira, nomeadamente no que diz respeito ao seu impacto no mercado de trabalho.

Em abril, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou estar "convencida de que a presença do Santo Padre contribuirá de forma decisiva para a definição de um quadro regulamentar, ético e cultural para a inteligência artificial".

À margem da intervenção que fez, Francisco vai reunir-se bilateralmente com cerca de dez chefes de Estado, incluindo o Presidentes francês, Emmanuel Macron, o chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Essa agenda lotada testemunha o desejo do Papa de continuar a exercer influência nas relações diplomáticas, quando os numerosos esforços do Vaticano para a paz na Ucrânia e na Faixa de Gaza não têm produzido resultados positivos.

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