Grossi indicou que durante a sua próxima visita também pretende visitar Kyiv, capital do país, para abordar as formas como a organização da ONU "pode contribuir para melhorar a segurança nuclear" na região.
O líder da AIEA sublinhou, em entrevista à agência ucraniana Ukrinform, que as necessidades em torno da central são urgentes e frisou a importância de "não registar quaisquer ataques contra a infraestrutura ou zona envolvente".
"Esperamos que isso não aconteça em nenhum momento", vincou.
O diplomata argentino lembrou que a fábrica "está ocupada" mas pertence à Ucrânia.
"O facto é que, agora que estão lá [os russos], são eles que tomam as decisões operacionais. O que procuramos são soluções do ponto de vista técnico", explicou.
Grossi destacou, por outro lado, que as sanções impostas contra a empresa nuclear russa Rosatom podem ter "consequências negativas no domínio da segurança nuclear".
"A Rosatom é uma empresa que tem presença significativa em vários países do mundo. Portanto, é possível que mesmo a imposição adequada de sanções contra a Rosatom possa ter consequências negativas em termos de segurança nuclear, uma vez que fornece combustível e presta serviços em muitos países", analisou.
Além disso, destacou que é o principal fornecedor de reatores nucleares do mundo. A própria estatal russa tem defendido a cooperação no domínio da energia nuclear para fins pacíficos, algo que deveria "estar livre de considerações políticas".
"Eles constroem centrais nucleares em muitos países ao redor do mundo, por isso não é fácil para esses clientes se retirarem. É por isso que os países não estão a impor sanções contra a Rosatom. Podem condenar publicamente a Rússia, mas quando se trata da indústria nuclear, não pedem sanções porque precisam de reatores para as suas economias", salientou ainda.
"A indústria russa é muito ativa em muitos países, incluindo os Estados Unidos. Exportam combustível de urânio para muitos países europeus. Existem muitos reatores que dependem da tecnologia nuclear ou de peças e componentes da Rússia. Isto cria uma situação que é problemática", acrescentou.
Grossi considerou que não é surpreendente que não existam sanções nesta área, apesar da posição política muito clara de países como os Estados Unidos ou a França sobre o assunto.
"Mais uma vez, é aqui que as sanções nucleares diferem das de outras indústrias: porque não se pode 'desligar a tomada' tão rapidamente como noutros setores", realçou.
Especialistas da AIEA estão presentes na central nuclear -- a maior da Europa -- desde setembro de 2022, sete meses após o início da invasão russa da Ucrânia. A última rotação de observadores da missão da agência ocorreu na quinta-feira passada.
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