Putin chegou de madrugada a Hanói proveniente da Coreia do Norte, horas depois de ter assinado um tratado com o líder norte-coreano, Kin Jong-un, que prevê a assistência mútua em caso de agressão a um dos países.
"Foi manifestado o interesse mútuo em construir uma arquitetura de segurança fiável e adequada na região da Ásia-Pacífico", afirmou Putin após conversações com o homólogo vietnamita, To Lam.
Tal arquitetura de segurança baseia-se "nos princípios da não utilização da força e da resolução pacífica de litígios, na qual não haverá lugar para blocos político-militares fechados", referiu, citado pela agência russa TASS.
Os Estados Unidos e a NATO definiram o Indo-Pacífico como uma das regiões de grande importância estratégica e têm fortalecido relações e alianças com países da região, incluindo Japão, Coreia do Sul, Filipinas ou Austrália.
Putin disse que discutiu com Lam questões internacionais e que as posições da Rússia e do Vietname "coincidem em grande parte ou são próximas".
Segundo Putin, os dois países defendem os princípios da supremacia do direito internacional, da soberania e da "não ingerência nos assuntos internos de outros Estados".
Defendem igualmente, o desenvolvimento de esforços "nas principais plataformas internacionais, incluindo a ONU e no âmbito do diálogo entre a Rússia e a ASEAN", acrescentou.
O Vietname é um dos 10 membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), juntamente com Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura e Tailândia.
Em conjunto, a ASEAN, a que Timor-Leste é candidato à adesão, representa um mercado com um PIB (Produto Interno Bruto) de mais de 2,9 biliões de dólares (2,7 biliões de euros, ao câmbio atual) e uma população de 647 milhões de pessoas.
Putin comprometeu-se a desenvolver as relações entre a Rússia e o Vietname, país a que Moscovo vende armas há décadas.
"A Rússia atribui grande importância ao reforço das relações com o Vietname", disse Putin, citado pela agência francesa AFP.
Hanói e Moscovo assinaram várias parcerias nos domínios da justiça, educação, saúde, ciência e tecnologia, energia nuclear civil e exploração de petróleo e gás, que preveem a intervenção de empresas russas no Vietname, segundo a TASS.
O Vietname espera também "fazer avançar a cooperação em matéria de defesa e segurança", afirmou To Lam.
Os dois países mantêm relações estreitas desde que a então União Soviética deu apoio militar ao Partido Comunista Vietnamita na guerra contra o Sul, apoiado pelos Estados Unidos, o que permitiu unificar o país em 1975.
Moscovo continua a ser o principal fornecedor de armas ao Vietname, mas os volumes caíram nos últimos anos, apesar das crescentes tensões no Mar do Sul da China, onde Hanói está preocupado com os objetivos expansionistas de Pequim.
Putin e Lam adotaram também uma declaração sobre "o aprofundamento da parceria estratégica abrangente no contexto do 30.º aniversário da implementação do Tratado Russo-Vietnamita sobre os princípios básicos das relações amigáveis", de acordo com a TASS.
[Notícia atualizada às 11h42]
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