Irmã de Obama atingida com gás lacrimogéneo durante protestos no Quénia

Estava a ser entrevistada quando tudo aconteceu.

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Notícias ao Minuto com Lusa
25/06/2024 15:00 ‧ 25/06/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Quénia

A ativista queniana Auma Obama, meia irmã do antigo presidente dos Estados Unidos Barack Obama, foi, esta terça-feira, atingida com gás lacrimogéneo por parte da polícia, enquanto era entrevistada durante os protestos em curso no Quénia contra os planos fiscais do governo.

"Já nem consigo ver, estamos a ser atingidos com gás lacrimogéneo", disse, quando falava em direto para a CNN, ao lado de outros manifestantes, em Nairobi.

"Estou aqui para que vejam o que está a acontecer. Os jovens quenianos estão a manifestar-se pelos seus direitos", afirmou ainda.

As últimas atualizações indicam que os manifestantes conseguiram aceder ao parlamento, onde está a ser debatido o controverso projeto de orçamento que desencadeou os protestos. Janelas e cadeiras foram danificadas, enquanto a polícia expulsava os manifestantes que conseguiram aceder ao complexo.

De acordo com a Reuters, a polícia abriu fogo contra os manifestantes que tentavam invadir o edifício, havendo pelo menos cinco manifestantes mortos e dezenas de feridos.

Note-se que hoje é terceiro dia de protestos liderados por jovens contra os planos fiscais do governo. 

O movimento, apelidado de 'Ocupar o Parlamento', foi lançado nas redes sociais pouco depois de o orçamento para 2024-2025 ter sido apresentado ao parlamento, a 13 de junho, que incluía a introdução de novos impostos - incluindo um IVA de 16% sobre o pão e um imposto anual de 2,5% sobre os veículos privados.

Após uma primeira manifestação, em 18 de junho, em Nairobi, com algumas centenas de pessoas, na maioria jovens da "Geração Z" (nascidos depois de 1997), o governo anunciou que abandonava a maior parte dos impostos previstos.

Mas a hashtag #RejectFinanceBill2024 ("Rejeitar o projeto de orçamento para 2024") cristalizou um descontentamento mais amplo entre a população, atingida por dificuldades económicas desde há vários anos, e no dia 20 de junho, desfilaram procissões em muitas cidades.

As reivindicações anti-impostos transformaram-se num desafio às políticas do Presidente, que disse no domingo estar pronto para falar com os jovens.

Embora largamente pacíficos, os dois primeiros dias de manifestações foram marcados pela morte de duas pessoas em Nairobi. Várias dezenas de pessoas foram feridas pela polícia, que também efetuou centenas de detenções.

A Amnistia Internacional do Quénia, num comunicado divulgado na segunda-feira, alertou para o risco de escalada que "poderia levar a mais mortes".

A Comissão Queniana dos Direitos Humanos, uma ONG, acusou as autoridades de raptarem ativistas "principalmente à noite (...) por polícias à paisana em carros sem identificação".

A porta-voz da polícia queniana, Resila Onyango, não respondeu às perguntas da AFP sobre estas acusações.

O projeto de orçamento deve ser votado no parlamento antes do final do ano financeiro, a 30 de junho. Os manifestantes pedem que o texto seja retirado na íntegra, denunciando a manobra do Governo que anuncia a retirada de certas medidas fiscais, mas prevê compensá-las com outras, nomeadamente um aumento de 50% dos impostos sobre os combustíveis.

Segundo o Governo, estes impostos são necessários para devolver ao país, altamente endividado, uma certa margem de manobra.

O Quénia, um país da África Oriental com uma população de cerca de 52 milhões de habitantes, é uma potência económica na região mas vive o drama da inflação.

Leia Também: Polícia queniana dispara balas de borracha contra manifestantes

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