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França. A ascensão do partido de extrema-direita francesa RN

O partido de extrema-direita francês União Nacional (RN), anteriormente Frente Nacional, foi fundado em 1972 pelo pai de Marine Le Pen e cresceu até liderar as sondagens para as próximas legislativas.

França. A ascensão do partido de extrema-direita francesa RN
Notícias ao Minuto

08:33 - 26/06/24 por Lusa

Mundo França

Depois da fundação por Jean Marie Le Pen, foi mudando ao longo dos anos, incluindo uma mudança de nome e uma tentativa de suavizar a sua imagem, para atrair mais eleitores, ganhando lugar de destaque em França.

A França, membro do Conselho de Segurança da ONU e do G7 - organização que reúne as sete maiores economias do mundo - e única potência nuclear da União Europeia, pode agora vir a ter um primeiro-ministro de extrema-direita, Jordan Bardella.

Eis alguns dos momentos-chave na história do partido:

+++ Fundação +++

A Frente Nacional (FN) foi fundada em 05 de outubro de 1972 por Jean-Marie Le Pen e outros ativistas de direita que defendiam ideias nacionalistas, autoritárias e anti-imigração.

Nos primeiros anos, a FN teve pouco sucesso eleitoral e era frequentemente marginalizada pelas suas posições extremistas.

+++ Crescimento +++

A situação começou a mudar na década de 80, quando a FN começou a ganhar destaque ao explorar temas como imigração, segurança e identidade nacional, que causavam preocupações crescentes entre a população francesa.

Nas eleições europeias de 1984, a Frente Nacional obteve 11% dos votos, o que marcou o início do seu crescimento como uma força política significativa.

Na década de 90, a FN continuou a expandir a nível de apoiantes, alcançando o seu auge nas eleições presidenciais de 2002, quando Jean-Marie Le Pen surpreendeu ao chegar à segunda volta contra Jacques Chirac, da União por um Movimento Popular (centro-direita).

+++ Transição para Marine Le Pen +++

Em 2011, Marine Le Pen sucedeu ao seu pai, Jean-Marie Le Pen, enquanto líder do partido.

Nascida em 05 de agosto de 1968 em Neuilly-sur-Seine, um subúrbio de Paris, Marion Anne Perrine Le Pen é a mais nova das três filhas de Jean-Marie Le Pen e tornou-se vice-presidente do partido em 2003.

Estudou direito na Universidade Panthéon-Assas, em Paris, onde obteve uma licenciatura em Direito e, posteriormente, um mestrado em Direito Penal.

Em 2011, sucedeu ao pai enquanto presidente da Frente Nacional, que em 2018 mudou oficialmente de nome para União Nacional, e tentou moderar o seu discurso extremista e o programa do partido para ampliar o seu eleitorado, num processo frequentemente denominado de "desdiabolização".

Sob a sua liderança, o RN conseguiu consolidar-se como uma força da oposição significativa na política francesa, atraindo uma base ampla de apoiantes e eleitores descontentes com os partidos tradicionais relativamente a temas como imigração, segurança e soberania nacional.

Em setembro, a líder da extrema-direita francesa e 26 membros da Frente Nacional, incluindo o seu pai, serão julgados pelo Tribunal de Paris por suspeita de desvio de fundos europeus para pagar os salários de assistentes parlamentares.

Marine Le Pen foi acusada em junho de 2017 de abuso de confiança e cumplicidade, acusações posteriormente reclassificadas como "desvio de fundos públicos", que o Parlamento Europeu estimou em 6,8 milhões de euros entre os anos de 2009 a 2017.

Tentou moderar a imagem pública do partido e afastar-se de declarações mais controversas e extremistas, com o objetivo de ampliar a base de apoio e atrair eleitores descontentes com os partidos tradicionais.

+++ Mudança para União Nacional (RN) +++

Em 2018, o partido mudou oficialmente o nome para União Nacional, uma mudança com o objetivo de simbolizar um novo começo.

Sob a liderança de Marine Le Pen, o RN tem vindo a ter um desempenho significativo em várias eleições.

Nas eleições europeias de 2014, 2019 e 2024, o partido superou todos os restantes ao obter o maior número de votos na França.

Marine Le Pen também chegou à segunda volta das eleições presidenciais de 2017 e 2022, embora tenha sido derrotada em ambas as ocasiões pelo atual Presidente francês, Emmanuel Macron.

+++ Jordan Bardella e o futuro +++

Em 2022, Jordan Bardella, de 27 anos, eurodeputado e uma figura promissora do partido, foi eleito presidente do RN, sucedendo Marine Le Pen.

+++ Posições políticas +++

O RN mantém fortes posições nacionalistas, anti-imigração e eurocéticas, ao defender políticas rígidas de controlo de fronteiras, segurança, a redução da imigração e uma identidade cultural francesa.

Para além disso, o partido tem uma postura crítica em relação à NATO e à União Europeia, defendendo um referendo sobre a adesão da França ao bloco.

O RN também contribuiu para a fragmentação do sistema político francês, desafiando a hegemonia dos partidos tradicionais de direita e de esquerda, tendo-se alinhado a alguns membros dos Republicanos nas eleições legislativas.

Leia Também: França. Imigração e segurança geram tensão no 1.º debate das legislativas

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