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TPI condena ex-líder extremista islâmico ligado à Al-Qaida

O Tribunal Penal Internacional (TPI) condenou hoje um líder extremista islâmico ligado à Al-Qaida por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Tombuctu, no Mali, que fica a aguardar a sentença.

TPI condena ex-líder extremista islâmico ligado à Al-Qaida
Notícias ao Minuto

13:52 - 26/06/24 por Lusa

Mundo Mali

Al Hassan foi acusado de desempenhar um papel fundamental num período de forte disseminação de terror, desencadeado por insurgentes na histórica cidade no deserto do norte do Mali em 2012.

Al Hassan foi acusado de envolvimento em crimes como violação, tortura, perseguição, casamentos forçados e escravatura sexual.

Os procuradores classificaram-no como "membro-chave" do Ansar Dine, um grupo extremista islâmico com ligações à Al-Qaida, que detinha na altura o poder no norte do Mali.

Al Hassan ficou a aguardar sentença e poderá vir a ser condenado a prisão perpétua.

As mulheres e raparigas sofreram particularmente sob o regime repressivo do Ansar Dine, enfrentando castigos corporais e prisão, segundo a procuradora-chefe do tribunal, Fatou Bensouda, no início do julgamento de Al Hassan, há quase quatro anos.

"Muitas foram forçadas a casar", afirmou Bensouda, assim como foram "confinadas contra a sua vontade e repetidamente violadas por membros do grupo armado". Al Hassan estava envolvido na organização desses casamentos, disse a procuradora aos juízes.

A advogada de defesa de Al Hassan, Melinda Taylor, descreveu-o como um membro da força policial islâmica que era "obrigado a respeitar e executar as decisões do tribunal islâmico".

"É isso que a polícia faz em todo o mundo", afirmou.

Em Tombuctu, as vítimas dos crimes cometidos pelo Ansar Dine aguardam o julgamento dos seus carrascos e uma possível indemnização.

"Estamos a aguardar um julgamento que nos faça justiça", afirmou a presidente de um grupo de associações de vítimas da região de Tombuctu, Yehia Hamma Cissé, citada pela agência de notícias Associated Press (AP).

"Fomos violadas, cortaram-nos as mãos, fomos chicoteadas e queremos ser indemnizadas", afirmou.

O tribunal emitiu uma ordem de indemnização na sequência da condenação em 2016 de um membro da Ansar Dine, Ahmad Al Faqi Al Mahdi, condenado então a nove anos de prisão por ter atacado nove mausoléus e a porta de uma mesquita em Tombuctu, em 2012.

Em 2013, uma operação militar liderada pela França expulsou Al Hassan e outros do poder.

O Mali, juntamente com os seus vizinhos Burkina Faso e Níger, luta há mais de uma década contra uma insurreição levada a cabo por grupos armados, incluindo alguns aliados da Al-Qaida e do grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência de golpes militares nos três países nos últimos anos, as juntas no poder expulsaram as forças francesas e recorreram a mercenários russos, nomeadamente ao Grupo Wagner, entretanto rebatizado Afrika Korps, para serviços de segurança.

O coronel Assimi Goita, que assumiu o poder no Mali após um golpe de Estado em 2021, prometeu devolver o país à democracia no início de 2024, mas cancelou indefinidamente as eleições, previstas para fevereiro, alegando a necessidade de mais preparativos técnicos.

O veredicto final do processo de Al Hassan foi adiado cerca de seis meses por doença de um dos juízes do julgamento.

Leia Também: Partidos e ONG denunciam detenção de opositores no Mali

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