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França. Direita republicana promete "reconstruir um grande partido"

Os militantes dos Republicanos que recusam o acordo firmado com a extrema-direita prometem que a direita republicana vai "renascer das cinzas" em França, apesar de assumirem que estão a atravessar um período difícil e que levaram um "golpe tremendo".

França. Direita republicana promete "reconstruir um grande partido"
Notícias ao Minuto

21:10 - 26/06/24 por Lusa

Mundo França

Esta tarde, cerca de uma centena de pessoas juntou-se num café em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, para uma reunião pública que contou com a participação da ex-candidata presidencial dos Republicanos, Valérie Pécresse, crítica da coligação que o presidente do partido, Eric Ciotti, firmou com a União Nacional (Rassemblement National, em francês), de extrema-direita, nestas eleições legislativas.

Desiludidos com o acordo, a maioria dos militantes que a Lusa entrevistou assumiu que o partido de centro-direita está atualmente a atravessar um "período de incerteza tremenda" e recebeu um "golpe enorme".

"Não gosto de traidores. Sou fiel às minhas convicções: estou farta destes compromissos que surgem durante o período eleitoral só para ganhar as eleições", disse à Lusa Dominique, que assume que sempre foi eleitora dos Republicanos, mas tem-se afastado do partido nos últimos tempos por estar desiludida com as suas lideranças.

Também Carles, que se assume como um "eleitor de direita convicto", considera que, caso os Republicanos tivessem feito o seu trabalho, o acordo com a extrema-direita nunca teria existido, apesar de reconhecer que, atualmente, corresponde "à vontade de muitos franceses".

"Acho que, agora, é preciso rever a abordagem política da direita francesa e estar mais à escuta dos franceses, para ter um programa que corresponda mais ao que desejam, sem cairmos numa dimensão extremista ou inaceitável em termos políticos", disse.

Apesar das críticas ao acordo, há também quem considere que a coligação com a extrema-direita pode servir como um "tiro de aviso" para os militantes de centro-direita e, em particular, para os seus líderes.

"É preciso termos mais coragem. O [choque provocado pelo] acordo vai dar-nos mais coragem para assumirmos as nossas ideias e encontrar os líderes que nos permitam implementá-las", afirmou Thomas, que se assume como liberal.

Já Maxime, militante dos Republicanos que se filiou no partido há quatro anos, defende que é preciso que as pessoas de centro-direita acreditem na força e nas especificidades dos seus valores, mesmo que tenham acabado de receber um "duro golpe".

"Agora, neste momento, a direita parece derrotada, mas é preciso ter paciência: vai-se reconstruir após esta dissolução terrível e o período de incerteza que estamos a atravessar. Nós vamos renascer das cinzas", garantiu.

Uma das personalidades que pretende assumir essa renovação dos Republicanos é a candidata Virginie Mathot, que organizou a reunião pública desta tarde e está a disputar a eleição em Boulogne-Billancourt, tendo adversários de peso, como o atual ministro dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné.

Sintomático das dificuldades que o partido atravessa, a candidata teve de escolher a irmã para ser a sua suplente nestas eleições, reconhecendo que, nas atuais circunstâncias, não conseguiu encontrar ninguém que estivesse disponível para assumir o cargo.

Aos militantes que a ouviram esta tarde, Virginie assumiu como desígnio ajudar "a reconstruir este grande partido", rejeitando qualquer coligação com "partidos populistas" que, segundo disse, só pretendem "fraturar ainda mais a sociedade".

"Não podemos estar condenados a uma escolha entre um mega centro ou dois extremos: é preciso reconstruir um partido de direita. Por isso é que, com alguns amigos e militantes, decidimos apresentar esta candidatura", disse, sendo aplaudida por vários militantes que a ouviam, entre os quais Dominique, que assumiu ter ficado com mais esperança.

"Espero que haja um novo impulso para o partido. Gostava de acreditar. Penso que é preciso haver jovens como estes a mobilizarem-se e que continuem a dar-nos esperança, vontade de os seguirmos e de nos voltarmos a mobilizar", disse.

Também a ex-candidata presidencial dos Republicanos, Valérie Pécresse, considerou que a candidatura de Virginie Mathot e a presença de vários militantes na reunião organizada esta tarde é um sinal de esperança.

"É uma boa novidade que haja jovens, homens e mulheres, que se levantam e dizem que, neste mundo de traição, de ambições pessoais e de pequenos cálculos políticos, alguns não perdem as suas convicções", afirmou perante estes militantes desiludidos, mas convictos.

Leia Também: França. Acordo dos Republicanos com extrema-direita "foi uma traição"

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