Judy e John estão hoje na casa dos noventa anos e contam já com 20 anos de aventuras juntos, que começaram de uma forma bem inesperada... e na qual Portugal teve uma 'palavrinha a dizer'.

A história deste casal é contada pela CNN Travel, que dá conta de que os dois se conheceram durante uma viagem de comboio no Peru. Apesar de ter sido logo despertada a atenção, o destino 'fez das suas' e acabou por fazer mais do que os próprios, num impulso para que não deixassem de se encontrar.

Mas esta história tem um começo triste, quando, no início do século XXI a então mulher de John, Pam, adoeceu. Aos 63 anos, Pam morreu, mas não sem antes deixar aquilo que levaria John a uma "segunda vida". É que a mulher tinha o sonho de fazer uma viagem pela América do Sul e fez todo o roteiro antes de adoecer, planeando passo por passo e só não finalizando esta aventura com a compra dos bilhetes.

Quando a esposa morreu, John pensou "que a vida tivesse acabado". O casal esteve junto durante 40 anos e, quatro anos depois da morte da esposa, ele decidiu seguir o roteiro que a mulher lhe tinha deixado. Convidou um amigo que recentemente se tinha divorciado e embarcaram numa aventura de seis semanas que passou por vários países.

Foi num comboio que atravessava o Peru, de Cusco para Puno, que a dupla conheceu as duas amigas, que tinham o mesmo nome, Judy. Os quatro ficaram sentados na mesma mesa, também, na altura, na casa dos 60. Falaram durante toda a viagem, e houve uma das Judy que lhe chamou particularmente à atenção. "Achei-a atraente", admitiu à CNN. Apesar de terem trocado e-mails logo nessa altura, todos assumiram que nunca mais se veriam... mas enganaram-se.

Mais tarde nesse dia, quando estava a chamar o elevador num hotel em Puno, John avistou as amigas, que se tinham instalado no mesmo local. O grupo voltou novamente a reunir-se novamente para o jantar, e separaram-se, mais uma vez, com John, já no Reino Unido, a pensar de vez em quando em Judy.

"Se vieres aos Estados Unidos..."

Mas se John achava que só ele pensava de vez em quando nela, foi quando Judy voltou a sua casa em San Diego, no estado norte-americano da Califórnia, que percebeu que se enganou. Dois anos depois de se terem conhecido, em 2006, Judy regressou a casa e não acreditando em nada mais nada menos do que dar o primeiro passo, enviou-lhe um e-mail. "Ele interessou-me. Então, contactei-o", explicou, referindo que escreveu: "Se alguma vez vieres aos Estados Unidos, diz-me".

Quando John viu o e-mail, ficou na dúvida: qual das Judy era? O enderenço não deixava claro, mas uma fotografia enviada pela Judy certa esclareceu-o. Os dois começaram a conversar num clima "nada romântico" e Judy pensou que podiam ser bons "amigos". John mencionou num dos seus e-mails que ia visitar um primo a Nova Iorque, e Judy sugeriu-lhe prolongar a viagem até à Califórnia e visitá-la.

Os dois encontraram-se já no aeroporto, onde estavam com algum receio de não se reconhecer, mas usaram adereços para que não 'escapassem' um ao outro. Apesar de no início se sentirem intimidados, bastaram algumas horas para que se sentissem à vontade um com o outro. Quando, ao final de uma semana, se despediram, decidiram: "Gostávamos de nos ver outra vez".

O 2.º encontro.

No ano seguinte, voltaram a encontrar-se, e coincidiu com o aniversário de Judy. "Pensei que o tempo não estava bom no Reino unido e marquei uma viagem para a Madeira. E tivemos umas férias muito felizes". Instalados no paraíso português, foi aí que "sedimentaram a sua relação": "Sabíamos que éramos compatíveis em todos os sentidos", explicou John.

De volta a cada lado do Oceano Atlântico, os dois continuaram a planear férias juntos e já percorreram o mundo, passando pela Turquia, o Quénia, a Islândia, Tanzânia, entre outros países.

Hoje, Judy tem 83 anos e John 87 e a última vez que se viram foi no fim de 2023, e começam a pensar que viajar com quase 90 anos já é mais difícil. São "realistas" acerca do seu futuro, dado que cada um tem a sua vida nos seus países, mas estão focados em tudo o que aproveitaram nos últimos vinte anos.

"Sinto-me privilegiado. Tem sido uma relação incrível", refere John. Já Judy diz que tem visto "cada vez as fotografias que os dois tiraram ao longo dos anos", enquanto a  comunicação é feita agora por telemóvel.

"Tive muita sorte em conhecer a minha esposa. Mas também em ter conhecido outra mulher incrível, e ter uma outra vida", acrescentou John, dizendo: "Quando se perde um companheiro - e eu estive casado mais de 40 anos - a vida não acaba nessa altura. É terrível. Mas não acaba e começa uma nova vida. Penso que é importante para as pessoas mais velhas que perderam os seus parceiros pensarem que a vida pode continuar de uma forma diferente, talvez - e talvez tão gratificante como era no início".

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