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França. Estudantes de música organizam concerto contra a extrema-direita

Centenas de pessoas reuniram-se hoje num concerto organizado pelos estudantes dos conservatórios de música de Paris para protestar contra a extrema-direita, a poucas horas do fim da campanha para as eleições legislativas.

 França. Estudantes de música organizam concerto contra a extrema-direita
Notícias ao Minuto

23:46 - 28/06/24 por Lusa

Mundo França

O concerto, que começou às 18h30 (17h30 em Lisboa) na Place de la Fontaine aux Lions, em Paris, tinha como objetivo "combater a União Nacional (RN) com música" e foi organizado pelas orquestras do Conservatório Regional de Paris, do Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança de Paris e do jornal La Crécelle, um coletivo de músicos e dançarinos.

Alguns porta-vozes das organizações presentes discursaram no início, apelando ao voto contra o RN, enquanto denunciavam a "violência e racismo por parte da extrema-direita" e a "violência policial do regime autoritário" do Presidente francês, Emmanuel Macron, tendo sido muito aplaudidos pelo público.

"Estamos aqui hoje a convite de organizações de estudantes de música, que estão a fazer este evento contra a extrema-direita na França", disse à Lusa Adele Tellez, de 33 anos, representante da CGT (Confederação Geral do Trabalho) de Paris.

Para Adele Tellez, a CGT esteve presente "para fazer uma grande frente contra a extrema-direita e unir forças", neste caso para "apoiar os estudantes", acrescentando que o partido de extrema-direita União Nacional (RN) "tentará a todo o custo reduzir as liberdades", tendo em conta o seu "programa de ódio".

À volta da tenda de som, onde as orquestras se posicionaram para atuar à vez, estavam pintadas as frases "somos todos antifascistas" e "não passarão".

A primeira apresentação, que juntou cerca de duas dezenas de estudantes do Conservatório Nacional Superior de Música e de Dança (CNSMDP), colocou a multidão que assistia em silêncio e fez muitas pessoas aproximaram-se para ouvir a orquestra tocar enquanto um texto era declamado.

"Tentámos passar a emoção" com "os dois extremos [da música] a ilustrar os nossos sentimentos, porque há a inércia com o crescimento da extrema-direita, em que não podemos fazer nada a não ser votar e manifestar-nos, está presente na apresentação com a parte inicial mais calma e silenciosa, mas houve também o som mais alto que representa a forma como nos sentimos", disse à Lusa a estudante de música do CNSMDP, Lou Ferrand, de 24 anos.

Os estudantes que afirmavam que a cultura é "resistência", organizaram este evento com várias atuações, incluindo música eletrónica, a algumas horas do fim da campanha eleitoral para as eleições legislativas, para "lutar contra o RN" através da alegria e esperança "de uma sociedade mais coletiva, mais unida, mais justa".

"Estamos aqui por causa do crescimento do fascismo na França, que nos assusta, então várias pessoas da nossa escola organizaram este concerto para consciencializar outras pessoas na única maneira que podemos", afirmou Lou Ferrand.

Para a estudante, neste momento "todos estão em perigo", já que com o atual crescimento da extrema-direita em França "é a morte da vida como a conhecemos até hoje".

Os franceses são chamados no domingo, 30 de junho, a votar nas legislativas antecipadas, numas eleições que serão marcadas pela subida da extrema-direita e que podem mergulhar França num cenário de instabilidade.

Nestas eleições estão em causa os 577 lugares da Assembleia Nacional (parlamento). Caso nenhum partido consiga mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos) -- um cenário provável -, haverá uma segunda volta, já marcada para o próximo domingo, dia 07 de julho.

O RN, liderado por Jordan Bardella, e os seus aliados republicanos estão na frente das intenções de voto (36%), segundo uma sondagem da Elabe para o canal BFMTV e jornal La Tribune Dimanche, publicada hoje.

Já a coligação de esquerda Nova Frente Popular está em segundo lugar com 27,5% das intenções de voto dos franceses, sendo seguida pela coligação presidencial Juntos (Ensemble), com 20%.

Leia Também: França. Yaël Braun-Pivet propõe coligação centrista após legislativas

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