"Vemos mais polos, mais atores, menos regras, ou pelo menos menos cumprimento das regras existentes, e mais desordem", afirmou Borrell no 17º Fórum de Dubrovnik, na Croácia, dedicado às crises e conflitos globais.
Durante uma intervenção num painel sobre as relações entre o Norte e o Sul, o Ocidente e o Oriente, o espanhol indicou que as consequências deste cenário são a "distribuição do poder, a alteração do equilíbrio de forças" e alertou para o facto de as competições poderem causar confrontos e conflitos.
Referiu-se explicitamente à agressão russa na Ucrânia, à guerra em Gaza, que pode tornar-se um confronto de alta intensidade, aos conflitos na Ásia e em África, mas também às "guerras de narrativas e memórias", com as suas próprias interpretações e justificações das partes envolvidas nos acontecimentos.
Borrell criticou alguns países do chamado "sul global" que, segundo ele, preferem "acordos flexíveis a alianças e não respeitam as normas internacionais", ao mesmo tempo que "culpam o Ocidente por não o fazer ou por o fazer de forma seletiva".
Borrell descreveu como "perigoso" que o mundo esteja dividido em duas esferas diferentes, tanto a nível tecnológico como económico e em termos de valores, e apelou a uma maior cooperação, de forma a evitar o "perigo de um mundo dividido em duas esferas diferentes".
"Não há um único problema mundial que possa ser resolvido sem um forte empenhamento de todos nós e, em particular, da China", afirmou o Alto Representante da UE para a Segurança e a Política Externa.
Entre esses problemas, destacou as alterações climáticas, a demografia, a biodiversidade, a saúde, a migração e a tecnologia.
Borrell apelou também a uma maior solidariedade para travar as consequências das grandes crises, citando como exemplo a pandemia de covid-19.
Na altura, a vacinação era massiva no Ocidente, ao contrário de outras regiões onde o nível de vacinação era muito baixo, o que criou uma "grande desigualdade" entre as diferentes regiões do mundo.
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