Meteorologia

  • 01 JULHO 2024
Tempo
19º
MIN 16º MÁX 25º

Milhares desfilaram na Marcha do Orgulho de Paris contra extrema-direita

 A poucas horas da primeira volta das eleições legislativas, milhares de pessoas desfilaram hoje em Paris na Marcha do Orgulho LGBTQ+, numa demonstração de força contra a extrema-direita, cujos candidatos têm sido responsáveis por declarações transfóbicas.

Milhares desfilaram na Marcha do Orgulho de Paris contra extrema-direita
Notícias ao Minuto

22:35 - 29/06/24 por Lusa

Mundo França

"Temos de estar cientes de que estas pessoas [apoiantes do partido de extrema-direita francês União Nacional] não gostam de nós, não gostam de mulheres, migrantes, pessoas LGBTQ+, negros, não gostam de ninguém e devemos estar juntos para lutar, porque todos os direitos que a comunidade LGBTQ+ conquistou até agora foram nas ruas", disse à Lusa Arnaud Gauthier, relações internacionais da Inter-LGBT, organizadores oficiais do desfile em Paris.

O representante da Inter-LGBT disse recear que "os direitos que foram conquistados ao longo dos anos pela comunidade" possam ser "apagados rapidamente no parlamento" com um governo de extrema-direita, "tal como já aconteceu com os direitos das mulheres em alguns países com governos conservadores".

"Receio que a direita não esteja em posição de ter uma maioria direta no parlamento, mas pode tornar-se o maior grupo no parlamento e que, se fizerem coligação com pessoas do partido conservador, aliados do partido fascista - porque temos de os chamar pelo que são -, talvez possam estar numa posição suficientemente forte para ter um governo", acrescentou Arnaud Gauthier.

O desfile, marcado para o meio-dia (11h00 de Lisboa) na Porte de la Villette, partiu em direção à Place de la République, no centro de Paris, com participantes de todas as idades e de várias nacionalidades, com bandeiras arco-íris e cartazes contra a União Nacional (RN) e os seus líderes.

Segundo os organizadores, a Marcha do Orgulho de Paris, que este ano se centrou na luta contra a transfobia, teve uma participação de 110.000 pessoas, enquanto a policia indicou terem estado presentes 85.000.

Os participantes entoaram frases como "votem pelos nossos direitos", "ponham brilho na vossa vida", "a luta é o meu orgulho" e "contra a transfobia: transolidariedades".

"Este ano enfrentamos um ataque constante contra a comunidade trans, vindo desde pessoas aleatórias até ao mais alto nível do Estado, porque o Presidente Emmanuel Macron disse, há duas semanas, que achava que as pessoas trans podiam mudar de género com base na autodeterminação", afirmou Arnaud Gauthier.

Na Praça da República, pintada em manifestações anteriores com palavras contra o RN e de apoio à coligação de partidos de esquerda, Nova Frente Popular, as pessoas reuniram-se à volta de um palco e das várias tendas de organizações de ajuda e apoio à causa LGBTQ+.

Antes dos concertos, houve um momento simbólico de três minutos de silêncio em memória das vítimas da SIDA e os porta-vozes da organização do evento discursaram, apelando aos direitos transexuais e ao voto pelos direitos humanos.

Alex Fletcher, estudante de 23 anos de nacionalidade britânica, vive na França há 20 anos e voluntariou-se este ano para ajudar na Marcha de Orgulho, na qual participa desde 2018, mostrando-se preocupada com o resultado das eleições legislativas.

"Como não tenho a nacionalidade não posso votar, mas obviamente ver o crescimento da extrema-direita é assustador, porque posso não conseguir estudar mais [na França] e os meus pais podem ser expulsos do país e, por isso, estou aqui para dizer às pessoas para irem votar porque eu não posso", disse à Lusa Alex Fletcher.

No domingo, os franceses vão às urnas na primeira volta das eleições legislativas, convocadas após a vitória do partido RN nas eleições europeias, que levaram o Presidente francês a dissolver o parlamento.

Nestas eleições estão em causa os 577 lugares da Assembleia Nacional (parlamento). Caso nenhum partido consiga mais de 50% dos votos (ou seja, pelo menos 289 eleitos) -- um cenário provável -, haverá uma segunda volta, já marcada para dia 07 de julho.

Leia Também: Marcha LGBTQ+ junta milhares em Paris contra a transfobia. Eis as imagens

Recomendados para si

;
Campo obrigatório