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França. Jornalistas avisam que extrema-direita põe em causa a liberdade

A quatro dias da segunda volta das eleições legislativas, jornais independentes e sindicatos uniram-se na Praça da República, em Paris, para alertar que o partido de extrema-direita União Nacional (RN) apresenta riscos para a liberdade.

França. Jornalistas avisam que extrema-direita põe em causa a liberdade
Notícias ao Minuto

06:29 - 04/07/24 por Lusa

Mundo França

"Há um grande risco da extrema-direita ganhar na França e isso será muito dramático para a liberdade, neste caso dos meios de comunicação e é por isso que, enquanto meio de comunicação, estamos aqui hoje para promover a liberdade de imprensa", disse à Lusa Pauline Migevant, jornalista do Politis.

Relativamente a ter um primeiro-ministro de extrema-direita, com o candidato do RN, Jordan Bardella, a jornalista do Politis referiu que tanto ela como os seus colegas estão preocupados e que também as pessoas, especialmente emigrantes também estão em risco.

"Nunca pensámos que o risco pudesse chegar tão cedo, mas estamos todos preocupados com o que está a acontecer e os riscos são reais", afirmou Pauline Migevant.

O evento, que aconteceu quatro dias antes da segunda volta das eleições, foi organizado por alguns meios de comunicação independentes e organizações por "uma necessidade de união contra o perigo, que será uma catástrofe que a União Nacional chegue ao poder", disse à Lusa François Bougon, jornalista do Mediapart.

"Há muitos riscos para os meios de comunicação, porque sabemos que se a União Nacional chegar ao poder pode fazer leis contra a independência dos media, no seu programa querem privatizar o serviço público, é muito perigoso para os jornalistas", acrescentou, referindo que o evento tem como objetivo "despertar as pessoas em Paris a votar contra a extrema-direita".

O jornalista do Mediapart negou a ideia de que a extrema-direita nunca esteve no poder em França, referindo que "durante a Segunda Guerra Mundial foi um desastre", na altura "vieram com a Alemanha, agora é a primeira vez que chegam através dos votos".

Sob o lema "todos na República: por uma frente democrática contra a extrema-direita", milhares de franceses manifestaram-se mais uma vez na Praça da República, com discursos de diversos intervenientes, que apelaram à "rutura com o macronismo" e contra o voto RN que "é financiado por Vladimir Putin" e vários concertos programados.

Os meios de comunicação social independentes, sindicatos, associações de defesa dos direitos humanos e movimentos de cidadãos, juntamente com vendedores de comida de rua reuniram-se à volta do monumento à República, com os manifestantes a segurar algumas bandeiras, entre elas a da coligação de partidos de esquerda, Nova Frente Popular, e a bandeira da França, contrariando a ideia de que só a extrema-direita anda com a bandeira e se orgulha do seu país.

"Sou jornalista para o jornal StreetPress, somos independentes e estamos realmente comprometidos contra a extrema-direita", afirmou Ines Belgacem à Lusa.

A jornalista acredita que a França está a viver "um grande momento da História", com a possibilidade de ter o RN no poder.

"Não podemos agir como se a extrema-direita fosse um partido normal, eles não são normais, são perigosos, racistas, contra a justiça social, e é isso que transmitimos com o nosso trabalho e dizemos hoje", disse Ines Belgacem, acrescentando que "têm de lutar contra" o que está a acontecer.

Segundo uma sondagem divulgada hoje pelo instituto Toluna Harris Interactive, após a segunda volta das eleições legislativas no domingo, a 07 de julho, o RN terá entre 190 e 220 lugares, estimativa que é insuficiente para alcançar a maioria absoluta, que exige 289 lugares, o que pode por em causa que o líder do partido, Jordan Bardella, se torne primeiro-ministro.

A Nova Frente Popular poderá obter entre 159 a 183 lugares e a coligação presidencial Juntos (Ensemble, em francês) conseguirá obter 110 a 135 lugares, enquanto os Republicanos conseguirão obter 30 a 50 deputados.

Leia Também: França: Emigrantes e descendentes portugueses receiam extrema-direita no poder

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