M23 acusa exercito da RDCongo de violar cessar-fogo no leste do país
O grupo rebelde M23 acusou hoje o Exército da República Democrática do Congo (RDCongo) de quebrar a trégua humanitária de duas semanas anunciada pelos Estados Unidos, retomando os combates no leste do país.
© SEBASTIEN KITSA MUSAYI/AFP via Getty Images
Mundo grupo rebelde
"Neste momento, os civis e as nossas posições estão a ser atacados pela coligação de forças do regime de Kinshasa", disse um porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, na sua conta na rede social X.
"Embora o M23 tenha respeitado as exigências humanitárias dos Estados Unidos, essas forças decidiram violar a nobre iniciativa destinada a ajudar os trabalhadores humanitários e as pessoas deslocadas internamente", acrescentou.
O retomar dos combates ocorre poucos dias depois de a Casa Branca anunciar que tinha sido acordada uma "trégua humanitária de duas semanas" para "permitir o retorno voluntário de pessoas deslocadas e fornecer aos trabalhadores humanitários acesso sem restrições às populações vulneráveis".
A trégua entrou em vigor no dia 5, após semanas de combates em que os insurgentes conseguiram tomar do exército o controlo de novos territórios e cidades na província do Kivu Norte.
Mais de 1,6 milhões de pessoas foram obrigadas a deslocar-se por causa dos combates do M23, e as recentes escaladas de violência forçaram dezenas de milhares a procurar refúgio em locais já sobrelotados.
Após anos de relativa calma, a atividade armada do M23 foi reativada em outubro de 2021.
Desde então, avançou em várias frentes para estar próximo de Goma, capital da província do Kivu Norte, assumindo o controlo das estradas que ligam o resto do país a esta cidade estratégica, que tem mais de um milhão de habitantes e é a base de numerosas ONG internacionais e instituições das Nações Unidas.
Para além de uma crise humanitária, os combates desencadearam graves tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à alegada colaboração de Kigali com o grupo rebelde, uma acusação que as autoridades ruandesas sempre negaram, apesar de confirmadas pela ONU.
Por sua vez, o Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país.
Essa colaboração também foi confirmada pela ONU.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU (MONUSCO).
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