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Opositor russo Kara-Murza "relativamente estável" no hospital da prisão

O estado de saúde de Vladimir Kara-Murza, político da oposição russa que se encontra detido e adoentado no hospital de uma prisão na Sibéria, é "relativamente estável", indicou hoje a equipa jurídica do crítico do Kremlin.

Opositor russo Kara-Murza "relativamente estável" no hospital da prisão
Notícias ao Minuto

16:53 - 10/07/24 por Lusa

Mundo Kara-Murza

Os advogados de Kara-Murza conseguiram visitá-lo, pois o oposicionista esteve incomunicável vários dias, depois de ter sido transferido para um hospital prisão da região siberiana de Omsk.

Kara-Murza, de 42 anos, com dupla nacionalidade, russa e britânica, está a cumprir uma pena de 25 anos de prisão por acusações de traição, que rejeita e afirma tratarem-se de "motivações políticas". As acusações resultaram de comentários públicos que criticavam duramente o Kremlin.

A detenção de Kara-Murza, em abril de 2022, semanas depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, ocorreu num momento em que as autoridades intensificaram a repressão dsa dissidências para níveis nunca vistos desde os tempos soviéticos.

Os seus advogados tentaram visitá-lo na quinta-feira passada na Colónia Penal n.º 6 da cidade siberiana de Omsk , onde cumpria pena, mas foram informados de que tinha sido transferido para um hospital prisional para um "exame" não especificado, segundo reportou a mulher Evgenia e o advogado Vadim Prokhorov. 

Desde então, durante vários dias, foi-lhes negado o acesso ao político devido a "desculpas falsas" dadas pelo pessoal do hospital, afirmou Prokhorov numa declaração divulgada terça-feira na rede social X.

Hoje, um dos advogados de Kara-Murza pôde finalmente visitá-lo, afirmou Prokhorov numa nova declaração. "O seu estado de saúde é atualmente relativamente estável", disse o advogado, acrescentando que as razões exatas para o exame no hospital estão a ser esclarecidas. Prokhorov não avançou quaisquer outros pormenores.

Evgenia Kara-Murza disse, também na rede social X, que o marido estava "vivo e tão bem quanto seria de esperar", admitindo uma deterioração da saúde na prisão.

Em 2015 e 2017, Kara-Murza sofreu dois envenenamentos quase fatais e desenvolveu polineuropatia, uma doença que provoca a morte das sensações nos membros.

Na declaração de hoje, Prokhorov sublinhou que a polineuropatia é uma doença crónica grave que impede Kara-Murza de cumprir pena num estabelecimento prisional.

Também hoje, as autoridades britânicas e norte-americanas reiteraram os apelos à libertação imediata de Kara-Murza e manifestaram preocupação pelo facto de os seus advogados não terem tido acesso.

"Vladimir está a ser mantido em condições deploráveis na prisão por ter tido a coragem de dizer a verdade sobre a guerra na Ucrânia", afirmou o novo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, num comunicado.

A Embaixada dos Estados Unidos em Moscovo também afirmou, numa declaração no X, que "falar a verdade e a própria consciência é um direito garantido pela Constituição russa e que, infelizmente, continua a ser oprimido pela repressão contínua e crescente do Kremlin contra a dissidência".

Questionado pela agência noticiosa Associated Press (AP) sobre se o Kremlin tem planos para libertar prisioneiros políticos doentes como Kara-Murza, à semelhança do que o aliado do Presidente Vladimir Putin, Alexander Lukashenko, fez recentemente na vizinha Bielorrússia, o porta-voz Dmitry Peskov disse hoje durante a conferência telefónica com os jornalistas que não há tais planos "neste momento".

Kara-Murza está a cumprir a mais dura pena aplicada a um crítico do Kremlin na Rússia moderna. Considerou a acusação como um castigo por ter enfrentado Putin e comparou o processo aos julgamentos de fachada do ditador soviético Josef Stalin.

A mulher, Evgenia, afirmou que o marido continua a ser mantido em isolamento, uma prática comum para os críticos do Kremlin que se encontram detidos e que é vista como uma forma de aumentar a pressão sobre eles.

Kara-Murza tornou-se proeminente como jornalista e escreveu colunas como colaborador do The Washington Post a partir da sua cela de prisão. Ganhou o Prémio Pulitzer de comentário no início deste ano. 

O oposicionista foi declarado prisioneiro político pelo proeminente grupo russo de defesa dos direitos humanos Memorial, e as autoridades ocidentais têm apelado repetidamente à sua libertação.

As medidas para neutralizar a oposição e sufocar as críticas intensificaram-se significativamente após o início da guerra na Ucrânia, incluindo a aprovação de uma lei que criminaliza efetivamente qualquer expressão pública sobre o conflito que se desvie da linha do Kremlin.

A legislação, que proíbe "divulgar informações falsas" sobre o exército russo ou "desacreditá-lo", tem sido utilizada contra políticos da oposição, ativistas dos direitos humanos e russos comuns que criticam o Kremlin, tendo muitos deles recebido longas penas de prisão.

Leia Também: Opositor do governo russo Kara-Murza transferido para hospital prisão

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