A informação foi avançada pelo comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, no final da Conferência de Doadores na ONU, realizada em Nova Iorque.
Na ocasião, Lazzarini disse que os donativos chegados até esta sexta-feira permitem que a agência continue a funcionar até ao final de setembro, quando hoje de manhã o dinheiro que tinha só chegava ao final de agosto.
Esta iniciativa de apoio à UNRWA juntou mais de metade dos Estados membros das Nações Unidas, no total de 118.
Pouco antes do início da Conferência de Doadores na ONU, a ministra dos Negócios Estrangeiros eslovena, Tanja Fajon, compareceu junto à entrada do Conselho de Segurança acompanhada por dezenas de embaixadores e exortou os restantes países a aderirem a esta iniciativa para um apoio à UNRWA "nestes tempos urgentes e difíceis".
A UNRWA, que antes do atual conflito estava empenhada em tarefas relacionadas com a educação, saúde e outros serviços sociais a dois terços dos 2,4 milhões de palestinianos da Faixa de Gaza, regista uma grave crise desde janeiro passado, quando Israel acusou 12 dos seus membros de envolvimento nos ataques do Hamas em 07 de outubro em território israelita. De imediato, os principais doadores congelaram o seu financiamento e o envio de fundos.
Israel aumentou a retórica contra a agência da ONU nos meses seguintes, referindo inclusive que empregava "450 terroristas" na Faixa de Gaza, ou que 17% dos seus 30.000 trabalhadores eram de facto membros do Hamas.
Devido à ausência de provas face às acusações de Israel, a maioria dos países decidiu reiniciar o financiamento, ao contrário dos Estados Unidos, que inclusive votou no Congresso a suspensão total do envio de fundos pelo menos até março de 2025.
Na abertura da Conferência de Doadores, o secretário-geral da ONU António Guterres -- também na mira de Israel pela sua suposta "parcialidade pró-palestiniana" -- homenageou "os homens e mulheres da UNRWA que prosseguem corajosamente o seu trabalho da melhor forma possível, em condições limite e no meio do seu próprio sofrimento".
Guterres recordou que 195 membros da UNRWA foram vítimas de bombardeamentos israelitas, "o maior balanço de pessoal morto na história da ONU", e aqueles que prosseguem o seu trabalho "são alvo de protestos cada vez mais violentos e de virulentas campanhas de desinformação".
O português voltou a sublinhar que a ONU "constitui a coluna vertebral das operações humanitárias em Gaza", e que "sem o apoio necessário e o financiamento da UNRWA, os refugiados palestinianos perdem um apoio decisivo e o último raio de esperança por um futuro melhor".
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